Eliana França Leme*

A bem da verdade, fica difícil não sentir um certo alívio por ter o Senado devolvido a cadeira de Aécio e o ter liberado do recolhimento noturno, com perda de passaporte. Não porque não tenha cometido delitos, mas porque parece que a penalidade imposta não foi aplicada conforme manda a Lei. Viu-se ministros defendendo o afastamento usando critérios subjetivos, de caráter moral, citando como exemplo os ministros Fux e Barroso, quando o julgamento deveria ser focado no aspecto meramente jurídico.
O grupo de ministros mais à esquerda, como são chamados, resolveu então, um tanto arbitrariamente e de forma previsível, confirmar a punição a Aécio, contrariando até mesmo a Constituição que é clara a este respeito, ou seja, só pode perder seu mandato, o parlamentar que cometeu crimes inafiançáveis e de gravidade excepcional. Afinal, Aécio sequer foi investigado, não teve direito à defesa. E se fosse o caso, tal decisão deveria ter partido do Senado. Assim, avançaram nas prerrogativas da Casa, que por óbvio, se sentiu invadida e ameaçada em sua autonomia. Desta forma, Aécio não foi absolvido. Vai responder a processo, como manda a Lei e como já estão respondendo alguns senadores, como a já ré Gleisi Hoffmann, Renan Calheiros e outros. Assim, fica restabelecida a regra do bom senso que diz “não pode haver dois pesos e duas medidas”.

*Psicóloga