Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

“… não aceites o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.” Bertold Brecht
Abaixo, temos a transcrição de uma entrevista concedida pelo Educador Paulo Freire há exatos 31 anos, em 1993, onde fala sobre suas preocupações com a Educação no nosso país naquele momento.
P: Que escola na sua opinião, o Brasil precisa?
R: O Brasil precisa de uma escola séria, de uma escola rigorosa, mas, ao ser rigorosa e séria uma escola que criasse e sugerisse aos seus alunos a felicidade, a alegria, quer dizer, uma escola alegre, mas como podemos ter escolas alegres com professores tristes? Quer dizer, eu acho que é preciso reorientar a política de gastos públicos neste país. Não é possível que um(a) professor(a) ganhe ainda o que ganham, enquanto outros profissionais, dentro da estrutura burocrática do Estado brasileiro, ganhem até dez ou vinte vezes mais, quer dizer, essas distâncias salariais me chocam tremendamente.
P: Essa situação já vem de muitos anos?
R: Isso vem desde que descobriram o Brasil, nós estamos em 1993, e ainda somos coloniais. Uma coisa é esse discurso que já começa a ficar vazio. A Educação é nossa prioridade, a infância é nossa prioridade, porém, prioridade só existe quando você expressa a prioridade materialmente. Uma coisa não é prioridade se não houver um orçamento decente para ela, quer dizer materialmente não é prioridade no Brasil a escola. Porque se fosse, não estaríamos como estamos. Entrevista concedida a Rede Globo e transcrita no canal Carlos Giannazi Oficial.
Outro dia, escrevi um artigo dizendo que a “Educação nunca foi prioridade no Brasil”, ao menos não, para os governantes. Um cidadão não gostou e me questionou sobre o período em que o PT governou e ainda governa. Eu disse a ele que, por mais que tenha sido feito neste período (2003-2015) e ainda possa ser feito nesta atual gestão (2023-2026), a construção de Universidades e a facilitação do acesso a educação para os jovens da nossa sociedade que não pertençam à elite, não resolveu nem resolverá o grande problema que temos na educação.
Existe uma necessidade de que o sistema educacional brasileiro seja repensado e receba uma completa reestruturação desde o Infantil até o ensino Superior. Reformulando seus currículos, valorizando seus profissionais, dando do extremo sul ao extremo norte do país escolas em condições adequadas para o ensino, preferencialmente em tempo integral.
O Ministério da Educação (MEC) precisa sair definitivamente das mãos de políticos que nunca souberam o que é Educação neste país. É preciso que o governo federal tenha ao seu lado uma Comissão de Notáveis, especialistas em Educação, para auxiliar o MEC e direcioná-lo no sentido da busca da perfeição do sistema.
O meio político corrompe tudo aquilo que possua recursos, portanto, o primeiro passo é desvincular a Educação da nossa política, onde temos gente baixa e corrupta, que defende tudo aquilo que interessa aos ricos e poderosos.
É imperativo que a educação volta a ser prioridade para o povo brasileiro, não para os donos de escolas privadas. Esses empresários tem como projeto básico destruir a educação, com auxílio dos políticos do Centrão, da extrema direita e do bolsonarismo inútil.