Paulo Panossian*

O presidente Jair Bolsonaro, que insiste em indicar o seu filho deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) para o cargo de embaixador do Brasil, nos EUA, está literalmente afrontando a rica história do Itamaraty. Além de ser um flagrante e imperdoável ato de nepotismo do presidente, não é pelo suposto domínio do idioma inglês e espanhol, ou como diz Eduardo, ter grande vivência pelo mundo, que para se sustentar até fritou hambúrguer, e, ainda, porque é amigo do filho do presidente Donald Trump, que fará jus a esse complexo e honroso cargo! Que pela primeira vez em 1905, quem ocupou essa embaixada pelo Brasil, foi Joaquim Nabuco. Que entre outros renomados embaixadores, também foram guindados para este posto na maior potencia econômica do mundo, Oswaldo Aranha, Paulo de Flecha Lima, Marcílio Marques Moreira, Rubens Recupero, Rubens Barbosa, e atual Sergio Amaral, de grandes serviços prestados a Nação. E, espero, porém, que por falta de credencial adequada para o cargo, o Senado Federal derrube essa afrontadora nomeação… Porém, pior foi a declaração de Bolsonaro, respondendo sobre essa indicação, “Se está sendo criticado é sinal de que é a pessoa adequada” para o cargo de embaixador. Ora, assim infelizmente, pensa o soberbo e nada humilde presidente, que deve também achar sobre tudo que em é criticado ser absolutamente adequado, como dos seus projetos definidos como inconstitucional, da liberação de armas, das cadeirinhas das crianças, dos radares nas estradas, etc. Que maneira esquizofrênica é essa de presidir o País…

Jair sem papas na língua

Um presidente que se prese precisa constantemente falar com a sociedade. E independente de enfrentar uma oposição, o que é comum pelo mundo, precisa ser sóbrio, conviver bem com as criticas, demonstrar conhecimento das prioridades e do clamor popular! Porém, não pode governar para amigos, ser beligerante, ou cultivar o ódio, como infelizmente, agiu Jair Bolsonaro, nos seus 200 dias de gestão. E suas últimas escorregadas, foi o de menosprezar a região nordeste que congrega uma população de 57 milhões de dignos brasileiros, quando diz a seu ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, “daqueles governadores de paraíba”, o pior deles é o do Maranhão (Flávio Dino-PCdoB), e “não tem de ter nada para esse cara”. Como se o Planalto, não deve governar e ajudar também o povo do Maranhão,  por causa de um opositor como o Dino. Neste sentido Bolsonaro, recebeu uma dura advertência do General Luiz Rocha Paiva, dizendo que o presidente é incoerente, demonstra atitude “antipatriótica” “postura beligerante” e “sectária”.  Nesta mesma semana, também o presidente afirmou, se reclamarem muito fecha a Agência Nacional do Cinema (Ancine), porque não se deve gastar dinheiro com um filme como Bruna Surfistinha, no qual, o atuante deputado do seu partido PSL, Alexandre Frota, disse que Bolsonaro, parece desejar censurar o cinema brasileiro. Também indignou a Nação, quando disse que no Brasil ninguém passa fome, quando temos mais de 5 milhões de pessoas subnutridas, além do flagelo de 13 milhões de desempregados, e 28 milhões de subempregados.  O presidente, infelizmente, sem papas na língua, criticou o Inpe, por ter divulgado um alto índice do desmatamento na Amazônia, como se fosse falso, mentiroso. E o  diretor do Inpe, Ricardo Magnus Galvão, rebateu as criticas, dizendo que Bolsonaro, tomou atitude “pusilânime e covarde”! Ora, o presidente deve achar que ainda estamos nos tempos da pedra lascada, e não sabe que os especialistas do Inpe, transmitem dados que são captados via satélite, e que ninguém duvida. Assim como recentemente o presidente criticou o IBGE, sobre o índice de alto desemprego… Ou seja, Bolsonaro, soberbo, incapaz de governar, tal qual um estadista, só quer aplausos… Coisa de governos populistas e demagogos…  E para completar essa desastrosa semana, o presidente disse apoiar a decisão do ministro do STF, Dias Toffoli, que suspendeu as investigações sobre movimentações financeiras duvidosas, que inclui seu filho senador Flávio Bolsonaro… No qual, demonstra se lixar, se essa decisão absurda de Toffoli, também suspende todas as investigações de combate à corrupção, e ao crime organizado como da lavagem de dinheiro, etc. Assim como ele parece governar para os amigos, e principalmente para seus filhos, como de insistir de bandeja, e puro nepotismo, dar a embaixada dos EUA, para Eduardo Bolsonaro.  Porém, em sete meses de gestão, além da promessa de um 13º para os beneficiários do Bolsa-Família, nenhuma outra atitude tomou a favor dos pobres, um contingente de quase 50 milhões de brasileiros…  Uma decepção!

Blefada de Bolsonaro

Afoito para dar boas notícias, o presidente Jair Bolsonaro, anunciou durante a semana, que nesta quinta-feira 18/07/19, a equipe econômica faria a divulgação, que  é uma boa iniciativa, como da  liberação do FGTS, para os participantes deste fundo.  Correto! Não!  Blefou… Por quê? Ora, o presidente só por achar que tem a caneta do poder nas mãos, acha que não precisa consultar seus assessores e pode falar o que quiser à Nação! Porém, esquece que um programa como esse de liberação de FGTS para milhões de correntistas, exige uma logística complexa, assim como foi feito sem atropelos na gestão de Michel Temer. E neste caso, Bolsonaro, desprezou ouvir a direção da Caixa Econômica, e também o setor da construção civil, que mais emprega trabalhadores, e que depende dos recursos do FGTS, e que a duras penas se recupera dos efeitos da recessão petista.  Resultado: Bolsonaro passa outro carão, sai de cena, precisando ser socorrido por Onyx Lorenzoni, que informa que esse programa da liberação do FGTS, somente será oficializado na próxima quarta-feira 24/07/19, com o valor total da liberação de R$ 30 bilhões e não mais R$ 44 bi…

Age em causa própria?

O site Antagonista, informa que três semanas antes do presidente do STF, Dias Toffoli, estranhamente suspender investigações baseadas em dados do Coaf, e da Receita, sobre o senador Flávio Bolsonaro, o Fisco, já vinha pedindo explicações às empresas que contrataram serviços com o escritório da mulher de Toffoli, Roberta Maria Rangel.  É bom lembrar que esta advogada esposa de Toffoli, já era investigada por irregularidades tributárias desde fevereiro último, como noticiou na época o Estadão. Ou seja, não é muita coincidência, que, em pleno recesso do judiciário, o ministro do STF, tomar essa decisão monocrática de suspender praticamente todas as investigações da Lava Jato, e também inclusive aquelas ligadas às organizações criminosas, sobre lavagem de dinheiro, no exato período que o Fisco, vasculha contratos dos clientes com a empresa da sua mulher?!…

Falou o que não devia

Já imaginaram se os governadores, prefeitos, senadores, deputados, e vereadores, ministros do Supremo, etc., desta terra tupiniquim, passassem a nomear para postos estratégicos das nossas instituições suas mulheres, e filhos, netos, etc.?!…  Seria uma esculhambação, um paraíso do nepotismo, não é verdade? E não é que o nosso presidente Jair Bolsonaro, que, além da sua atitude antiética, como de tentar nomear seu filho deputado Eduardo Bolsonaro, para embaixada dos EUA, agora, em meio às duras criticas que recebe, na maior cara de pau afirma “pretendo beneficiar, sim, o meu filho”!  Esta frase, do Bolsonaro, é tudo que o  cidadão brasileiro indignado com ações de nepotismo nas nossas instituições, jamais gostaria de ouvir da boca de um presidente do Brasil…

*Jornalista – paulopanossian@hotmail.com

Indignando a Nação

Sinceramente, depois que o presidente do STF, Dias Toffoli, indignando toda Nação, suspendeu liminarmente a pedido do advogado do investigado senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), todos os processos no País, que teve compartilhamento de dados de movimentação financeira e fiscal sem autorização judicial, o melhor que poderia fazer seria o de renunciar seu cargo na nossa Corte.  Já que, tomou esta decisão claramente para beneficiar não somente o filho do presidente Jair Bolsonaro, como principalmente os corruptos e grupos de organização criminosa. E se tivesse um mínimo de respeito à ética e as nossas instituições, não tomaria essa decisão de forma monocrática, e menos ainda estaria afrontando uma decisão do próprio STF, que em 2016 já havia decidido que não seria necessária autorização judicial. Aliás, tal qual, diz a Lei 9.613, que criou na gestão de FHC, em 1998, o Conselho de Controle de atividades Financeiras (COAF).

R$ 933,5 bilhões em 10 anos

Da forma como foi aprovada na Câmara, em 1º turno a reforma da Previdência, pelos cálculos da equipe do ministro Paulo Guedes, indica uma economia em 10 anos de R$ 933,5 bilhões!  Não muito distante da expectativa inicial de R$ 1 trilhão!  É o que anuncia o secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.  E que, as modificações nas regras de aposentadoria dos homens, mulheres, professores e policiais, feitas pelos deputados, no plenário da Câmara, em relação ao projeto enviado pelo Planalto, é que foram responsáveis por uma redução de R$ 43 bilhões, nos números estimados anteriormente pelo governo.  Porém, se até a aprovação final no Senado, previsto para o próximo mês de setembro, não for mais desidratada esta reforma, sem dúvida que impressiona positivamente os R$ 933,5 bilhões de economia em 10 anos. No qual, tem razão Marinho, quando afirma “Estamos apresentando ao País, a maior e mais abrangente reestruturação previdenciária”!   E melhor  poderá ficar se no Senado, como promete o relator Tasso Jereissati (PSDB-CE), de apresentar e aprovar uma PEC paralela que inclui os Estados e Municípios nesta reforma! Neste caso, em 10 anos serão mais R$ 400 bilhões estimados de economia, e, consequente equilíbrio nas contas previdenciárias destes entes federativos.  Alicerce importante para o Brasil, sair do buraco de herança petista, do explosivo déficit fiscal, e medíocre crescimento econômico…

Até na reforma tributária

O presidente Jair Bolsonaro, que pouco respeitou o acordado com seu ministro Paulo Guedes, durante o decorrer da reforma da Previdência, como da idade mínima para mulheres, e até em relação aos policiais, e não se esforçou para inclusão dos Estados e Municípios, nesta reforma, agora, como tagarela contumaz, critica até a reforma tributária em curso na Câmara, dizendo que será criado o maior imposto do mundo. Certamente, esta não deve ser a opinião da equipe econômica de Guedes… Mas, como o presidente segue mal assessorado, diz que, no projeto de reforma tributária em curso na Câmara, o imposto de valor agregado, ou sobre Operações com Bens e Serviços (IBS) será com uma alíquota de 30%, a mais alta do mundo. Ora, esse projeto apresentado pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP) e liderado pelo renomado ex-secretário de politica econômica, Bernard Appy, é calculado com imposto de 25%, sendo 9% destes para cobrir impostos federais. Aliás, esse projeto do Bernard Appy, entre outros em análise, é o que mais recebe apoio dos especialistas do mercado. Diferente do projeto do governo, que ainda não apresentou, mas, já divulgado que será incluído a famigerada CPMF, tal imposto pernicioso por ser em cascata sobre operações financeiras, de triste experiência no Brasil. Ou seja, um verdadeiro retrocesso… Neste sentido faria muito bom ao presidente agir com prudência, respeitar as propostas que estão sendo apresentadas, e não sair atirando contra o Parlamento. Já que, deveria ter lhe servido de lição o protagonismo que perdeu na reforma da Previdência, que mais atrapalhou… É bom lembrar que o melhor projeto para o País, nem sempre é o apresentado pelo Planalto, mas, aquele construído em harmonia com as instituições, e a nossa sociedade…

Remédio do setor privado

Os 19 medicamentos para pacientes de câncer, diabete, etc., de distribuição gratuita para 30 milhões de pessoas pelo SUS, que o governo comprava dos laboratórios públicos, diz agora o Ministério da Saúde, que vai passar a comprar de laboratórios do setor privado. Já que, estranhamente suspendeu esse fornecimento pelos laboratórios públicos, que ao longo dos anos investiram muito para manter essa parceria! E que nos últimos oito anos o governo economizou algo próximo a R$ 20 bilhões, já que, pagava um preço 30% menor que os oferecidos pelo setor privado por esses medicamentos. É de se questionar: a que preço o ministério da Saúde, vai comprar?!… Mesmo porque os recursos são dos contribuintes! Todos calejados de saber sobre as falcatruas que rondam nas nossas instituições…

Grave decisão

Grave denuncia faz o Estadão, “Saúde suspende contratos para fabricar 19 remédios de distribuição gratuita”! São 19 medicamentos que tiveram a sua fabricação suspensa pelo ministério da Saúde, e que irá prejudicar 30 milhões de pacientes atendidos pelo SUS. Esses remédios são para pacientes que sofrem de câncer e diabete, e para os submetidos a transplantes. E os laboratórios que desenvolvem esses medicamentos no Brasil, vendem por um preço 30% menor do que os do mercado. E pode representar uma perda para o setor em torno de R$ 1 bilhão! Sem falar no prejuízo da falta destes medicamentos. Que diferente do que diz o ministério da Saúde, de que os projetos “podem” ser suspensos se estiverem e desacordo com as normas, o Estadão, como publica copia de um documento, do Secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação, e insumos Estratégicos em Saúde, Denizar Vianna Araújo, que realmente a fabricação dos 19 medicamentos, teve seus contratos foram suspensos. E, o presidente da Bahiafarma, e da Associação dos Laboratórios Oficiais do Brasil (Alfob), diz que vê como um retrocesso, ou desmonte, da indústria nacional de medicamentos, e um risco para a saúde de milhões de pacientes. Melhor seria, se presidente Jair Bolsonaro, no lugar de gastar energia improdutiva para nomear seu filho para embaixada dos EUA, resolvesse urgente a não interrupção da fabricação e do fornecimento de medicamentos pelo SUS, para esses 30 milhões de pacientes brasileiros…

Demorou liberar FGTS

O ministro Paulo Guedes, mesmo percebendo que desde inicio de março, a expectativa do mercado quanto ao crescimento do PIB, para este ano, assim como indicava também o boletim Focus do BC, se deteriorava mais em função das crises desnecessárias criadas pelo Planalto, demorou em anunciar incentivos para melhora da atividade econômica e consumo. E, somente agora, passados 200 dias de gestão de Jair Bolsonaro, é que deve anunciar uma nova liberação do FGTS para os trabalhadores ativos. E a expectativa é irrigar no mercado R$ 42 bilhões, de recursos. Com limites de 35% para quem tem até R$ 5 mil no fundo, e 30% para o trabalhador com até R$ 10 mil. E acima de R$ 50 mil poderá sacar 10% do valor depositado no Fundo de Garantia. E também Guedes, deve anunciar a liberação do PIS/Pasep, num total de R$ 21 bilhões! É bom lembrar que, em 2017, durante o governo de Michel Temer, 25 milhões de trabalhadores tiveram a boa oportunidade de sacar um total de R$ 44 bilhões, do FGTS, outros R$ 20 bilhões do PIS/Pasep! Que na oportunidade com a pior recessão econômica da nossa história, e alto índice de desemprego, essa medida ajudou a alavancar o consumo, e o País, conseguiu crescer 1,1%. Se o governo Bolsonaro tomasse essa decisão no final de março, hoje, a expectativa de crescimento não seria essa medíocre de 0,82%. E no embalo da aprovação da reforma da Previdência, poderíamos até encerrar o ano com um PIB, em torno de 1,5% ou 2%. Além de acelerar a criação de empregos com carteira assinada. Porém, antes tarde do que nunca…

*Jornalista – paulopanossian@hotmail.com