Ivan Santos*

Antes de completar cinco meses na chefia do Estado e do Governo do Brasil, o presidente Bolsonaro, legitimamente eleito pelo povo brasileiro nas eleições de outubro passado, decidiu usar a estratégia do confronto para governar. Se essa estratégia é acertada , ainda não é possível saber. No entanto, a clássica política que privilegiou no passado a articulação política fina em busca de consenso para deliberações majoritárias, foi abandonada pelo capitão-presidente.
Nesta semana, ao ver milhares de pessoas mobilizadas nas ruas de cidades espalhadas por 26 Estados da Federação, o presidente da República, que estava nos Estados Unidos para receber uma polêmica homenagem a ele oferecida, partiu para o confronto com os manifestantes que se mobilizaram no Brasil na última quarta-feira e os classificou de massa de manobra e de idiotas úteis. Foi um desafio direto de quem está disposto a brigar. O presidente também mostrou-se aborrecido com suspeitas do Ministério Público e da Polícia Federal sobre o primeiro-filho dele, um senador da República. Um mero caso a ser resolvido por uma investigação tradicional para decisão da Justiça na forma das leis nacionais. O presidente entende que as acusações contra o filho dele são armações para atingi-lo. Por isto desafiou “eles” para que o investiguem.
Enquanto o presidente se envolve em confrontos, o tempo passa e a MP da Reforma Administrativa que reduziu ministérios e promoveu fusões de serviços, vencerá no dia 3 de julho e se não for aprovada antes pelo Congresso, a Esplanada dos Ministérios voltará ser como no tempo de Temer ou do de Dilma.
A confusão no Executivo e no Legislativo está grande, o governo patina no cerrado e enfraquece nas províncias. Está difícil ver uma luz em qualquer posição no túnel nacional.

*Jornalista