Amauri Paixão*

A pandemia do coronavírus19, em 2021, novamente, expõe a barbaridade de um governo federal que tem uma simpatia genocida pelo instinto de morte; que sabe manipular as emoções num arroubo populista e capitalizar o anseio das massas carentes de verdade e sentimento vivencial próximo da realidade e cheio de encantos, como um dom quixote, pé de chinelo, fantasticamente provindo dos malignos sertões das terras brasileiras, com a magia mística que define seu líder como um “mito”! Esse exército Brancaleone, análogo ao filme de Mario Monicelli5 , que assaltou o planalto, e procede de uma rale de milicianos mercenários, não se inspira num outro miliciano do século XVI, mercenário combatente Miguel de Cervantes, figura relevante no âmbito da latinidade e hispano-esfera, ao propor uma visão de mundo que se enraíza na liberdade pragmática do ser humano e que apresenta a razão literária como recurso de compreensão fora da clausura metafisica e idealista, conforme ensinamentos do professor catedrático da universidade de Vigo, Galícia , Espanha, Jesus Gonzalez Maestro. De um mesmo caldo secular de cultura, os mercenários milicianos, combatentes profissionais avulsos, muito comum nos séculos XVI e XVII, inclusive na formação do Brasil, procede um agente literário da envergadura de Cervantes, amante da liberdade, e um outro “mito’, oriundo do corpo de oficiais inferiores do exército, castrense amante do fascismo e das pulsões de morte, índole genocida. Instalado na presidência da república, capaz de difundir o terrorismo moral até nas práticas sociais da infectologia, de combate a pandemia da covid 19, 2020-2021. Esse terrorismo moral6 , vitorioso nas eleições de 2018, quer engessar a diversidade de culto e religiosa numa pauta moralista conservadora, reacionária, e explodir ,com suas bombas Fake News nas redes sociais, a liberdade subjetiva e autonomia corporal das pessoas, aniquilando os avanços e conquistas dos últimos séculos. Não se pode confundir esse nefasto terrorismo moral com a tradição política conservadora, de direita. A partir do século XVIII, da revolução francesa, existe um direito e uma doutrina filosófica que são afirmativas de um pensamento 5 Em 1965, o diretor italiano Mario Monicelli mostrou ao mundo o satírico filme O Incrível Exército de Brancaleone, baseado no Dom Quixote, de Cervantes. Contextualizado na baixa idade média, convive com o trinômio “peste, guerra e fome”. Nos perigos que enfrenta, revolve as relações feudais, o poder da igreja católica, o enfrentamento com sarracenos, bizantinos e bárbaros. Fonte poder 360 6 Habermas chama de uma “refeudalização” da vida pública. O conflito entre o poder político e a vida concreta dos indivíduos vai produzir sintomas patológicos, o atual ressurgimento das campanhas morais reacionárias no ocidente.

*Padre católico e advogado