Marília Alves Cunha*

Não assisto sessões da CPI do COVId na integralidade por vários motivos. Não assino mais nenhum canal aberto de TV nem certos jornais. Procurar informação é uma coisa interessante, necessária, prudente, mas render-se à manipulação de jornalistas (ou pseudos) que, numa espécie de fetiche, fizeram do sentido da vida criticar o Presidente da República, ignorar suas realizações, criar narrativas esdrúxulas, tentar de qualquer maneira, nem que seja ridícula, afastá-lo da posição que conquistou legitimamente é demais para a minha inteligência. Por que esta pressa, esta urgência? Por que este medo de eleições, tendo Bolsonaro no jogo? Como dizem alguns oposicionistas e não fazem questão de esconder: este presidente precisa sair, tem que ser agora, é urgente, depois pode ser muito tarde… Putz! Dão muito na cara… A não ser as redes sociais e alguns canais de jornalistas mais sérios e equilibrados, o canal de expressão do governo federal é o povo que, espontâneamente, lota as ruas em grandes manifestações pacíficas, ordeiras, patriotas, em apoio às causas que interessam ao bem e à melhoria deste país.

Bem, depois de remexerem a vida do presidente até os ossos e nada encontrando que possa motivar seu afastamento, optaram por uma brilhante ideia: vamos aproveitar o Covid, esta preciosa dádiva dos deuses (ou da China?), onde teremos a chance de, pelo menos, aparecer de 3ª. a 5ª. feira nas telinhas (são os dias em que os ilustres senadores trabalham). Os holofotes brilharão para o nosso lado, seremos senhores para determinar o que queremos: incriminar o presidente. Deram pulinhos de alegria. Estava consumado e tudo sairia como planejado.

Acontece que o feitiço tem virado contra o feiticeiro. Por uma razão que só a loucura pode explicar, puseram como presidente, vice e relator da famigerada CPI, pessoas reconhecidamente ineptas para tal, totalmente sem isenção, dois deles com contas a acertar na justiça. Se estiveram algum tempo nas sombras, tentando livrar-se do peso de seus pecados, aparecem agora em demasia, com muito exagero e sendo criticados duramente pela forma abjeta com que conduzem os trabalhos.

Começou mal a tal de CPI e caminha mal! O ambiente tornou-se insalubre, tóxico, demasiadamente pesado para que se consiga assistir um capítulo inteiro desta inominável e vergonhosa farsa. O senhor relator faz perguntas como se fosse um inquisidor da Idade Média, à cata de bruxas e fantasmas. E só se mostra satisfeito e perde a arrogância e agressividade quando obtém a resposta desejada, que já consta do arsenal para o relatório a ser apresentado. Mesuras e afagos para todos que comparecem com o objetivo de incriminar de alguma forma o governo federal e as teses por ele defendidas. Quando os arguidos são da turma “de lá”, instala-se o massacre. São interrompidas nas respostas, quando tentam explicar sem se aterem a um sim ou um não. Não conseguem, por excesso de interferências raivosas terminar um raciocínio. Merecem dos seus cotejadores severas críticas, ameaças, agressividade, grosserias, falta de respeito e educação. Levantam e engrossam a voz, tentam humilhar, usam de sua misoginia para impedir que médicas conceituadas, cientistas, com trabalhos publicados e uma extensa história de luta no combate ao Covid, teçam explicações importantes sobre como se desenvolve no Brasil este combate árduo contra o inimigo comum. Muitas vezes foram de uma tal descortesia, uma tal ignorância, um tal machismo, um tal despreparo para comandar uma CPI que, sinceramente, seria preciso uma dose alta de calma, leveza e controle emocional para permanecer no local. Houve um momento em que o senhor presidente pediu aos presentes que ignorassem a fala da médica Nise Yamaguchi, quando ela dava uma explicação correta sobre vacina… Seria mais prudente que todos os brasileiros ignorassem a fala desse indivíduo e seu papel ridículo na condução deste circo.

Só no Brasil mesmo! Uma das casas do Congresso Nacional se presta a este papel autoritário e antidemocrático, numa CPI completamente fora dos padrões, inventada e planejada para desmoralizar um presidente. Criminosos e politiqueiros se juntam para atacar gente de bem, honesta, que está dando duro no combate à pandemia, trabalhando dia e noite com afinco e grandeza. É incrível o que está acontecendo debaixo dos nossos olhos: pessoas inocentes sendo julgadas por bandidos, falastrões, sem ética e compostura, irresponsáveis que nada fazem pelo Brasil, a não ser tentar atrapalhar os que se dispõem a fazer alguma coisa. As nobres exceções, se houver, que me perdoem! E estão deixando de lado os verdadeiros criminosos, que roubaram ou usaram indevidamente o dinheiro que receberam para o enfrentamento da pandemia, estes sim, os verdadeiros culpados pelas crises, falhas no sistema de saúde e pelo sacrifício de vidas que vão além da letalidade do vírus.

Um amigo me disse esta frase, sempre repetida por seu finado avô: A ignorância é atrevida! Achei que seria um bom título para um texto que trata deste teatro do absurdo e seus atores principais, que falam demais sem saber nada. E por aqueles que se calam, covardes. É excesso de atrevimento falar mais que os depoentes, querendo induzir ao erro ou atrever-se a ficar calado, imune aos despautérios que ocorrem nesta palhaçada. Os eternamente calados estão brincando de ser senadores?

*Educadora e escritora – Uberlândia MG