Comunicação/CMU/Foto-Câmara Municipal de Uberlândia

A tarde desta quarta-feira (12) foi marcada pelo debate em busca da inclusão das pessoas diagnosticadas com transtorno mental e deficiência psicossocial no grupo de prioridade para vacinação contra a Covid-19 no município de Uberlândia. O debate ocorreu na reunião promovida pela Comissão de Saúde e Saneamento da Casa e contou com a participação de profissionais ligados à área da saúde mental, jurídica e de familiares que convivem com diagnosticados.
A doutora em saúde mental, Fernanda Nogueira, foi a primeira a falar e mostrou preocupação com os usuários dos serviços de atendimento realizados em grupo, que visam o desenvolvimento mental de pessoas com deficiência psicossocial. Para prosseguir com o tratamento, Nogueira defendeu a necessidade de se vacinar esses usuários.
O médico Leandro Nogueira lembrou que no dia 21 de janeiro deste ano houve um consenso mundial para que profissionais da área de saúde mental e deficientes mentais entrassem na prioridade de vacinação. O profissional defendeu o entendimento explicando que pacientes em crise (de pânico, maníaca ou depressiva) perdem o juízo e não têm noções para atender protocolos sanitários, como o distanciamento social, podendo se tornar em potenciais transmissores.
Nogueira disse ainda que a Associação Brasileira de Psiquiatria homologou um pedido com as mesmas características ao Ministério da Saúde, o qual foi aceito, e também aos municípios brasileiros, já que as prefeituras têm autonomia para eleger grupos imediatos para vacinação. Para Uberlândia, o psiquiatra se disse favorável que esses pacientes e profissionais ligados à saúde mental entrem na lista prioritária de imunização.
A professora de dança da UFU, Dra Juliana Soares Bom-Tempo, também foi convidada para debater nesta tarde. Ela lembrou o mês de maio pela luta antimanicomial que existe desde a década de 80 e pela busca por novas conduções ligadas à saúde mental, com tratamentos em outros campos de vida para lidar melhor com os problemas psíquicos. Sobre a vacinação, Bom-Tempo ressaltou que grupos vulneráveis têm emergência na prioridade e que é preciso estratégia política e social para resguardar uma certa população que pode não compreender uma situação pandêmica.
A mãe de uma criança que há sete anos é atendida pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da prefeitura, Maria Bertolino, e irmã de usuária do sistema de atendimento de saúde mental, disse que nesse período de pandemia observou a fragilidade da área de saúde mental e das pessoas que fazem uso desse serviço no município . Sobre a vacinação, ela disse que a mobilização é para saber como os usuários dos serviços de saúde mental podem ser incluídos no grupo prioritário, uma vez que esse grupo não tem condições de manter o isolamento. Sobre o papel do poder legislativo, Maria Bertolino disse ser muito importante pensar numa política inclusiva para que as pessoas possam viver em igualdade, começando com a ampliação da rede de atendimento e aumento no número de profissionais habilitados.
O defensor público estadual, Fernando Orlan, pai de um portador de síndrome de down, afirmou que as regras sanitárias impostas são impossíveis de serem praticadas pelos deficientes. Sobre a discussão para se eleger grupos dentro do quadro de pessoas com deficiência permanente definido como prioridade dentro do PNI, quais seriam autistas, pessoas com síndrome de down, Orlan disse que as câmaras municipais são os melhores locais para se fomentar esse debate. O defensor concluiu que, dentro do quadro de pessoas portadoras de deficiência permanente, os de deficiência mental são os mais vulneráveis por serem desprovidos de noções práticas de higiene e sanitização.
Ao final da reunião, a presidente da Comissão, Gláucia da Saúde (PSDB) deliberou com os demais membros o encaminhamento do ofício feito pela vereadora Cláudia Guerra (PDT) ao Ministério da Saúde e ao Executivo Municipal para discutir a prioridade de vacinação para o grupo de pessoas com doença mental como também a implantação de consultório de rua para atendimento de prevenção da população de rua.