Ivan Santos*

A Ford, uma das maiores montadoras de automóveis anunciou segunda-feira passada que decidiu deixar o Brasil. Esta foi a primeira indústria de automóveis a chegar no Brasil há mais de um século. Desembarcou e se instalou no Brasil em 1928. Antes da Ford, no ano passado, a Mercedes-Benz anunciou o fechamento da fábrica de automóveis em São Paulo. Por que a indústria automobilística que foi regiamente beneficiada nos governos do PT com subsídios tributários que somaram mais de R$ 60 bilhões está insatisfeita com o Brasil?
A razão da saída da Ford e da Mercedes-Benz é simples: o Brasil não é hoje um lugar ideal para montar e comercializar veículos automotores. Segundo a Anfavea – Associação das Montadoras – um dos motivos é o Custo Brasil com a complexa carga tributária em vigor no País e os altos custos da logística. Por isto fica mais barato produzir na China para vender na Europa e na Argentina e no Uruguai para vender no Mercosul. Para a empresa ficar no Brasil só com régios subsídios e desonerações tributárias. Esta receita vale para todas as montadoras.
Também no Brasil um fato negativo é a alta do dólar que faz o câmbio desfavorável em relação ao real. O câmbio prejudica a importação de insumos para a montagem dos veículos.
Outro fator é a reestruturação global com a informatização da produção industrial. Com a União das empresas da Fiat e da Peugeot, a Ford entendeu que para sobreviver precisa se reorganizar e cortar custos para competir no mercado mundial. Também a falta de uma reforma tributária e administrativa no Brasil influiu na decisão da montadora norte-americana em deixar o País. A Ford continuará a importar e vender no Brasil veículos fabricados na China e na Argentina. O tchau da montadora deixa milhares de trabalhadores sem emprego no Brasil.

*Jornalística