Ivan Santos*

O Capitão Mito que governa a República do Brasil passou quase dois anos depois da posse a cuidar de temas cibernéticos e a produzir polêmicas contra adversários imaginários, alguns “comunistas” nunca identificados. Com o tempo, vários analistas perceberam que para a lógica dos seguidores do Capitão, “comunista” é toda pessoa que não concorda em gênero, número e grau com as opiniões de Sua Excelência.

No Congresso o Capitão não tem problema. O PT, partido que deveria chefiar a oposição, perdeu o rumo e segue sem liderança. O PDT parece biruta de aeroporto. Sem oposição, o Capitão, que foi deputado por sete mandatos (28 anos), ainda não deu um passo para organizar uma Base Parlamentar de Apoio ao governo que chefia. Fez uma aliança informal com o oportunista Centrão (Conjunto de partidos fisiológicos) para ter apoio político pessoal. O Centrão não tem compromisso com o Governo. Defende o presidente em troca de bombons.

O líder do Governo na Câmara não tem autoridade para acertar nada. Se combinar algum acordo o Chefe pode decidir diferente. Por isto os líderes das bancadas não confiam no representante do Palácio do Planalto na Câmara.
Sem rumo no Congresso, os projetos de interesse do Governo não andam. No final do ano passado o presidente Mito mandou um Projeto de Emenda Complementar para a Câmara. Projeto importante para reduzir o déficit primário do Governo e ter recursos para custear despesas sociais. Isto sem falar no Orçamento para 2021. Esses dois projetos ficaram parados, segundo lideranças do Centrão, por causa das eleições municipais, mas precisam ser aprovados até o fim de dezembro. Não se vê nenhum passo da parte do Governo do Mito para os projetos essenciais andarem.

Na semana passada o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a coordenação parlamentar do Governo no Congresso está sem rumo. Isto é grave.

Os ministros do Governo, inclusive o “Posto Ipiranga” (ministro da Economia) não têm autonomia para produzir nenhum projeto. Todos dependem da decisão do Poderoso Chefe. E o Chefe nada decide. Só pensa em 2022.
O Barco da República, neste momento, navega à deriva. Se o comandante não assumir a Roda do Leme o barco poderá se chocar com um rochedo e se despedaçar antes de 2021 chegar ao fim.

*Jornalista