Percival Puggina*
Muito leitores me escrevem expressando desânimo em suas manifestações. Dizem-se desiludidos, desesperançados. Estão deixando cair os braços. O que fazer? O Brasil melhor, que buscaram nas mobilizações desde 2013 e redundaram na vitória de conservadores e liberais em 2018, enfrenta terríveis resistências. Elas são políticas. Elas são ideológicas. Elas são poderosas. O que fazer?
O desalento dos vitoriosos fornece adrenalina pura à veia dos derrotados! É exatamente o que sempre buscam. Todos os totalitários, em suas experiências históricas, cuidaram de submeter os inconformados e, para tanto, o caminho não sangrento (o sangue corre mais tarde) é o roubo da esperança. É o roubo daquela joia preciosa a que se refere um personagem de Bernard Bro em Contra toda a Esperança.
A primeira grande frustração que sucedeu à vitória eleitoral de 2018 veio com a percepção de que, apesar de toda a faxina, apesar de muito esfregão, palha de aço, lava-jato e desinfetante, o ganho qualitativo com a renovação da representação política nacional no Congresso não foi suficiente para que as más práticas e os piores interesses perdessem vitalidade. O governo não podia contar sequer com metade do partido do presidente. Os outros dois blocos eram formados pelas oposições e pelo centrão. Ou seja, Bolsonaro tinha umas poucas dezenas entre os 594 membros do parlamento. Matéria de GauchaZH de 5 de fevereiro deste ano informa que durante o ano de 2019 o governo enviou 48 Medidas Provisórias ao Congresso e apenas 11 destas se converteram em lei.
Com uma plataforma conservadora e liberal, o governo tinha contra si praticamente toda a extrema imprensa e a totalidade do Supremo Tribunal Federal. Este último trata o governo como potência inimiga e assumiu um protagonismo político percebido como tirano. O STF é totalmente avesso à agenda conservadora e liberal e barra iniciativas caras aos eleitores do presidente, mas não condizentes com o petismo enraizado na maioria de seus membros.
O que fazer, e fazer logo?
De momento, no curto prazo, sem possibilidade de ir às ruas e sob forte repressão à liberdade de opinião, é urgentíssimo fazer andar os pedidos de impeachment de membros do STFentregues à leitura das traças nas gavetas do senador Davi Alcolumbre. Isso está no tabuleiro das iniciativas viáveis. São apenas três senadores por estado! Cada um deles, independentemente do partido a que esteja filiado deve passar a receber irresistível “pressão das bases”. Há que romper o circuito fechado “álcool gel”, onde as mãos se esterilizam reciprocamente nas relações entre o Senado e o STF.
Estou falando de usar toda a forma de contato civilizado possível para mostrar a cada senador, que sua cadeira é muito mais instável do que lhe pode estar parecendo. A renovação de seu mandato, sonho comum a todos, depende de agir tendo em vista o bem do Brasil, a decisão democrática das urnas, o respeito à Constituição, o Estado de direito. A proteção de maus magistrados, de maus colegas e más legendas não faz parte desse conjunto e será muito mal acolhida nas inexoráveis cabines de votação de 2024 e 2028. Nesse sentido, mobilize em seu município associações, sindicatos, meios de comunicação, lideranças políticas e todas as legítimas energias locais para cobrarem posição dos três senadores de seu Estado. Não esmoreça, não há impeachment sem apoio popular.
O êxito dessa campanha, que precisa de todos, abrirá portas para profundas transformações na cena institucional brasileira.
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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Será que a força jovem da democracia está satisfeita com o que vem ocorrendo no Brasil e devido às infelizes intervenções do STF? Não, por certo não! Mas onde a fonte do mais puro idealismo, se o ideal pelo que há de mais nobre em relação à nossa pátria parece limitado? É preciso que, a partir principalmente dos jovens, inicie-se um movimento forte e determinado para vencermos um grupo de poderosos que imaginam-se sentados em tronos de um grandioso Olimpo. A indômita coragem de vencer, não pode tergiversar um só instante em tornar a buscar uma democracia plena e justa. Se quisermos novamente a grandeza dos nossos ideais de ordem e progresso, havemos todos de levantar-nos e partir em busca dos nossos direitos e reavivar a nossa antiga e indômita tenacidade e que faz morada em nossos corações. Brasileiros, brasileiros! Sejamos perseverantes, não desanimemos enquanto pudermos usar de todas as nossas estratégias legais para afirmar a verdade. Combatamos pela justiça. Aqueles a quem devemos combater, imaginam que a justiça só pode estar ao seu lado e continuam enganando toda uma nação parcimoniosa que insiste em continuar alimentando-os. Não podemos continuar com um pé aqui e outro lá; é preciso irmos a fundo até a uma situação que devolva-nos a confiança na justiça a partir da sua ultima instância. De que maneira analisar-se aquele supremo tribunal na condição de guardião da nossa Constituição, diante de tantas amostras de cinismo, risos e ofensas a partir dos seus próprios representantes? Que tribunal é esse que até explora das divergências e de tal maneira que somos obrigados a capitular debaixo da ameaça de perdermos o norte daquilo que entendemos por justiça? Estamos, sim, sendo explorados pela nossa necessidade de apoio, exploram a nossa virtude e as nossas fraquezas, a nossa audácia e a nossa ingenuidade. Joguemos o jogo franco e deixemos os “golpes” aos medíocres. Acredito que só mesmo uma forte pressão sobre os senadores que elegemos possa, enfim, esterelizar aquele poder e trazer de volta a esperança de justiça. Parabéns ao sr. Percival Puggina pelo excelente texto.