Realmente, não dá para entender como um homem que tenha tirado o Brasil de sua maior crise, que tenha baixado a inflação a níveis nunca tão civilizados, que tenha conseguido trazer os juros para patamares tão baixos, que tenha tido a habilidade de negociar com o Congresso de modo a fazer reformas tão importantes e que tenha sido tão sabotado em seu intento de fazer a mais importante delas, a da Previdência, que tenha observado sempre, com rigor, as regras democráticas… ser considerado o presidente mais impopular da história do Brasil. Que cegueira é essa? É desanimador porque demonstra uma noção desvirtuada do que é ser um bom presidente. Mencionam seu passado cheio de suspeitas de corrupção, como se os demais políticos bem situados nestas pesquisas tivessem um passado exemplar. Querem mudanças, mas não aceitam que Temer mexa em nada que lhes pareça retirar algum direito, mesmo que isto seja desmentido milhares de vezes. E assim, de incompreensão em incompreensão da realidade, tendem a eleger o que há de mais nefasto para conduzir nosso país; pessoas de perfil truculento mas que passam uma impressão de firmeza. E, para complicar, há um lado deletério da Lava Jato que foi criar no povo brasileiro a percepção nem sempre correta, de que todos são farinha do mesmo saco. Mas paradoxalmente, se Lula pudesse ser candidato, ainda o colocariam lá. Muitas pessoas foram citadas por delatores e depois foram inocentadas e seus inquéritos arquivados. Mas o que importa para os procuradores e PF se a reputação de alguém vai injustamente para o ralo? E o que foi feito com Temer, pelo Sr. Janot, bem no momento em que estava prestes a aprovar a mais difícil das reformas, a da Previdência, dando como prêmio aos bandidos, a liberdade total? E com que facilidade todos foram levados a acreditar que Temer era desprezível! E é nesta ambiência confusa que um novo perfil de populismo emerge perigosamente, pois ao contrário de levar o Brasil rumo ao desenvolvimento, nos trará de volta ao atraso, já que o populista de qualquer coloração só se preocupa em atender os anseios de pessoas que fantasiam que o dinheiro público não é do povo, mas sim de quem governa e o governante para se manter popular, vai ter de agradar seus devotos numa gastança desordenada que só nos fará permanecer neste destino triste e desolador que é algo assemelhado com os países mais mal sucedidos da América Latina, quando teríamos tudo para sermos mais parecidos com os da América do Norte. Pelo andar da carruagem só temos a lastimar.
Lamentgável cegueira
por uberlandiahoje | jun 12, 2018 | Blog | 4 Comentários
Temer trata Segurança com empulhação
Josias de Souza
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Um dia depois de ser informado pelo Datafolha que seu governo derrete como picolé no Sol, Michel Temer foi ao encontro dos holofotes para trombetear uma temeridade.
Sancionou a lei que cria o SUSP, uma espécie de SUS para a área da segurança.
A clientela dos hospitais públicos sabe onde isso vai dar.
Pretende-se integrar num sistema nacional as informações e as ações de Segurança Pública nas esferas federal, estadual e municipal.
É a medida certa adotada por um governo incerto.
A tarefa consumirá vários anos.
E Temer, como se sabe, será mandado de volta para casa — ou para outro lugar (talvez cadeia) — em 1º de janeiro de 2019.
Estados e municípios terão dois anos para compartilhar dados criminais com a União, do contrário serão punidos com o bloqueio de verbas federais destinadas ao setor.
A coisa toda será coordenada pelo Ministério da Segurança Pública.
O órgão nasceu em fevereiro como ”Ministério Extraordinário”. Desaparece em seis meses, junto com o Governo Temer.
Reprovado por 82% dos brasileiros, Temer é, hoje, um ex-presidente no exercício da Presidência.
Mas acha que dispõe de autoridade para criar prazos e impor sanções que invadem o mandato do sucessor.
Simultaneamente, o pseudo-presidente descumpre compromissos que assumiu consigo mesmo e com seus auxiliares.
Na mesma solenidade em que tomou decisões pelo sucessor, Temer editou uma medida provisória destinando verbas de loterias para a pasta extraordinária da Segurança — aquela que foi criada há quatro meses, sob fogos de artifício.
No Governo Temer, assim como nos dicionários, a colheita vem sempre antes do trabalho.
Primeiro a pompa do Ministério novo.
Depois, a circunstância da falta de verbas.
Providenciada com atraso, a verba será borrifada no Fundo Nacional de Segurança Pública.
Uma parte virá de loterias já existentes.
Outra parte terá origem numa jogatina nova, do tipo “raspadinha”. Chama-se Lotex.
Encontra-se em fase de implantação.
Estima-se que o dinheiro só começará a entrar no cofre em 2019.
Temer já estará fora do Planalto.
Mas não perdeu a oportunidade da queima de fogos.
O governo estimou que repassará ainda neste ano um tônico de R$ 800 milhões para o fundo de segurança.
Considerando-se o tamanho da encrenca, é uma mixaria.
Mas a cifra veio ornamentada por uma outra: informou-se que a verba extra somará R$ 4,3 bilhões até 2022, no final do mandato do sucessor de Temer.
Ai, ai, ai.
A lorota fica mais saliente quando se observa o que acontece com o tal fundo na vida real.
Em 2017, o Orçamento da União destinou R$ 1 bilhão para o fundo de segurança.
Apenas R$ 388,9 milhões foram efetivamente aplicados.
Para 2018, há no fundo R$ 817,2 milhões.
O primeiro semestre está no final, e foram aplicados apenas R$ 122,4 milhões.
Na área de Segurança, Temer fez uma opção preferencial pela empulhação.
Em janeiro de 2016, o então ministro Alexandre de Moraes (Justiça) pendurou nas manchetes um ambicioso Plano Nacional de Segurança Pública.
Moraes virou ministro do Supremo.
O plano tornou-se letra morta.
Em fevereiro, dias antes de criar o Ministério da Segurança, Temer decretou a intervenção federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro. Qualificou a iniciativa de “jogada de mestre”.
Na prática, a coisa serviu apenas para demonstrar que o crime é organizado porque o Estado esculhambou-se.
Há três meses os interventores não conseguem responder a uma pergunta singela: Quem matou Marielle?
Na semana passada, o Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, divulgou o seu Atlas da Violência.
O país ficou sabendo que, no ano da graça de 2016, o número de assassinatos no Brasil bateu recorde: foram à cova 62.517 pessoas.
Morre mais gente no Brasil do que na guerra da Síria.
Ao discursar na solenidade desta segunda-feira, Temer declarou:
“Somos todos vítimas de uma criminalidade que, cada vez mais sofisticada, exige igualmente um combate sofisticado. É por isso que, hoje, damos um passo importantíssimo para garantir mais tranquilidade com o Sistema Único de Segurança Pública.”
Então, tá!
Reforma na casa da filha virou o tríplex de Temer
Josias de Souza – jornalista
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A pergunta de R$ 1 milhão que salta do inquérito sobre portos é a seguinte: admitindo-se que a reforma na casa de Maristela Temer foi custeada com dinheiro limpo, por que os pagamentos não transitaram pela rede bancária?
Ou: tendo à disposição a moderna e segura ferramenta da TED, transferência eletrônica de dinheiro disponível na conta, por que a predileção por um meio de pagamento tão primitivo e suspeito como o coronel Lima?
Michel Temer declarou à repórter Roseann Kennedy que não sofre investigações, mas “um esquertejamento político e moral”.
Considera-se uma vítima de ”violação dos direitos constitucionais.”
Lamentou: “O tratamento que me dão é indigno. Estou sendo vilipendiado.”
Um dia depois do desabafo, veio à luz o teor do depoimento prestado à Polícia Federal em 29 de maio por Luiz Eduardo Visani, um dos fornecedores da reforma na casa de Maristela, sua filha.
O depoente disse:
1. Entre novembro de 2013 e março de 2015, recebeu R$ 950 mil pelos serviços prestados na reforma. As faturas eram liquidadas mensalmente. Tudo em grana viva, no guichê da Argeplan, empresa de João Baptista Lima, o coronel aposentado da PM paulista que a PF aponta como operador de propinas de Temer.
2. Sugeriu que os pagamentos fossem efetuados diretamente em sua conta bancária. Contudo, a arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima e responsável pela reforma, respondeu que ele deveria receber em dinheiro, na Argeplan.
3. Avistou a filha de Temer na obra quatro vezes. Mas “nunca conversou” com ela sobre orçamento. Embora tenha apanhado o dinheiro na Argeplan, os recibos e contratos trazem o nome de Maristela Temer.
Pois bem.
O depoimento de Luiz Visani deixou mal a filha do presidente.
Inquirida 26 dias antes, Maristela dissera que seu pai havia indicado o coronel Lima para auxiliá-la na reforma.
Logo ele, a quem os delatores da JBS afirmam ter repassado, a pedido do presidente, propinas de R$ 1 milhão.
Afirmara que Maria Rita Fratezi, a mulher do coronel, tocara a obra sem cobrar um tostão.
Nem contrato havia.
Sustentara, de resto, que a mulher do coronel pagou faturas em moeda sonante.
Mas jurou que devolveu o dinheiro.
Por mal dos pecados, Maristela Temer disse à PF que ”não sabe precisar a forma do ressarcimento.”
Às vezes pagava em espécie.
Outras vezes emitia cheques.
Numa soma “superficial”, estimou os gastos na obra em R$ 700 mil.
Menos do que os R$ 950 mil que Luiz Visani demonstrou ter recebido.
Muito menos do que a conta feita pela PF, incluindo outros fornecedores que disseram ter recebido em dinheiro vivo: R$ 1,2 milhão.
No mundo dos negócios honestos, uma reforma orçada no patamar do milhão é documentada por meio de contratos, recibos e anotações no Imposto de Renda.
Maristela não dispõe de nada disso.
No universo das transações lícitas, os pagamentos são efetuados por transferência bancária.
Os mais tradicionalistas utilizam o cheque.
Ninguém se arrisca a andar pela rua com dinheiro vivo.
Se preferir, Temer pode continuar fingindo que a reforma milionária na casa da filha não virou um problema.
Mas o acúmulo de coisas mal explicadas acaba produzindo outras coisas.
O embaraço vira hábito, o hábito se transforma em parâmetro e, de repente, o governante acha que não deve nada a ninguém.
Muito menos explicações.
O grampo do Joesley Batista no Palácio do Jaburu, as duas denúncias criminais, o jantar em que Marcelo Odebrecht foi mordido em R$ 10 milhões, o silêncio ensurdecedor do coronel Lima…
Nada precisa ser muito explicado no país ficcional.
Mas a obra milionária na continua lá, na galeria dos assuntos pendentes.
A pose de ofendido que Temer faz quando se refere aos inquéritos que o assediam ajuda a explicar o derretimento da sua figura imperial.
O único “esquartejamento” que se observa em cena é o da lógica.
A “violação” mais evidente é ao direito do brasileiro a um governo moralmente sustentável.
Se algo vem sendo “vilipendiado” com frequência é a inteligência alheia.
Temer ainda não se deu conta.
Mas a reforma na casa da filha está para o seu futuro penal assim como o apartamentão tríplex no Guarujá/SP está para o presente carcerário de Lula.
No início, a encrenca parece um asterisco.
Com o tempo vai ganhando tromba, orelha, rabo e até crachá de elefante.
Amigos de Temer, Moreira e Padilha podem descer à mesa de Moro
Josias de Souza – jornalista
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Ao aplicar contra o ministro Blairo Maggi (Agricultura) a mesma restrição que já havia sido imposta ao foro privilegiado dos congressistas, a Primeira Turma do Supremo abriu a porteira da Esplanada dos Ministérios.
A sabedoria popular ensina: por onde passa um boi, passa uma boiada.
O rebanho de encrencados do Governo Temer inclui os dois ministros mais chegados ao presidente: Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
Mantendo-se na trilha inaugurada nesta terça-feira, a Suprema Corte pode enviar a dupla para o matadouro de Curitiba, onde opera o açougueiro Sérgio Moro.
Denunciado por corrupção ativa num caso de 2009, Blairo Maggi virou matéria-prima para a Primeira Instância do Judiciário, porque prevaleceu o entendimento de que o crime não foi cometido no exercício do cargo de ministro, tampouco tem relação com as atuais atribuições do acusado.
Quando tudo aconteceu, Blairo era Governador de Mato Grosso.
Por analogia, o mesmo entendimento pode ser estendido a Padilha e Moreira.
Num dos inquéritos em que amigos do presidente frequentam o rol de investigados na companhia de Temer, a Polícia Federal investiga o pagamento de R$ 10 milhões feito pela Odebrecht ao (P)MDB por baixo da mesa (caixa 2).
A coisa foi acertada no Palácio do Jaburu, em 2014. Nessa época, Temer era vice de Dilma Rousseff.
A encrenca veio à luz graças à delação feita por executivos da Odebrecht no âmbito da Lava Jato.
Não fosse o foro privilegiado dos encrencados, ofertados por Temer, o processo já estaria em Curitiba.
Sem a blindagem, Padilha e Moreira podem, em tese, ser apartados de Temer e remetidos para a mesa de Moro.
O Ministro do STF Fachin já fez coisa semelhante numa denúncia resultante da delação da JBS.
Depois que a Câmara congelou as acusações contra Temer, o ministro remeteu para o Primeiro Grau o pedaço do processo referente ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (aquele de “inteira confiança de Temer”).
Fez isso porque o “homem da mala” (de R$ 500.000,00 em espécie), como ficou conhecido, não dispunha de foro privilegiado.
Não está claro, por ora, se a decisão sobre Blairo Maggi, tomada no ambiente da Primeira Turma, será estendida aos demais ministros de Estado em conflito com a lei.
Fachin integra a Segunda Turma.
E não há uma deliberação do plenário da Suprema Corte sobre a matéria.
Nada impede, porém, que a Procuradoria requisite a transferência de outros processos para a Primeira Instância, forçando novas deliberações.
Seja como for, a simples abertura da porteira já deixou inquieto o rebanho.
Gestão Temer não se limita a derreter, apodrece
Josias de Souza – jornalista
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O inquérito que investiga a venda de registros de sindicatos no Ministério do Trabalho demonstra que a corrupção é mais ou menos como o futebol.
Jogador algum marca gol sozinho.
Há toda uma estrutura por trás: o clube, o médico, o técnico e o time em campo, preparando a jogada.
A corrupção é igual.
Há o presidente do clube (Temer), o partido aliado (PTB de Roberto Jefferson), e o time de servidores levantando a bola para que agentes políticos — como a deputada Cristiane Brasil (filha do condenado no Mensalão Roberto Jefferson) – marquem gols contra o Erário.
Indicada por Temer para o cargo de ministra do Trabalho, a filha de Roberto Jefferson só não sentou na cadeira porque a Justiça impediu (tem três inquéritos na Justiça do Trabalho, de três ex-empregados dela).
Agora, além de ordenar batidas policiais de busca e apreensão no gabinete e nas residências de Cristiane Brasil, em Brasília e no Rio, o ministro Edson Fachin, do Supremo, proibiu a ex-quase-futura-ministra de entrar no Ministério.
A safadeza tornou-se um moto-contínuo nos Ministérios.
Na pasta do Trabalho a delinquência é mais ofensiva, porque desrespeita os 13.000.000 de desempregados que deveriam merecer a atenção de um Ministério qualificado.
No Governo Temer, ministros e servidores que têm alguma qualidade precisam disfarçar ou se esconder.
A atual Administração não foi feita para competentes.
Muitos acreditam que o Governo Temer, com apenas 3% de aprovação, está derretendo.
É mais grave do que isso.
O Governo está apodrecendo.
Convém retirar as crianças da sala na hora do noticiário.