Eliana França Leme*

É preciso muito cuidado com a desculpa da ética neste momento de profunda crise econômica. O espírito ético deve sim nortear a política porque a falta desta tem corroído desde sempre as entranhas da nação. Mas não se promove uma mudança de padrão de comportamento através de um lance suspeito e polêmico como este que envolveu a delação dos irmãos Batista que, em troca, receberam imunidade total, quando deveriam estar na cadeia. O desdobramento disso tudo foi, senão a paralisação, mas o atraso no andamento de reformas tão vitais para a Economia do país. Parece que o combate à corrupção neste caso não levou em conta os efeitos da política sobre a Economia. https://www.uberlandiahoje.com.br/wp-admin/edit-tags.php?taxonomy=post_tag. Nada estaria perdido com relação à ética se houvesse uma regulagem do “timing” entre a ação e o combate à corrupção e seus efeitos. O prejuízo para a população não teria sido tão grande se o tempo correto fosse dado de modo a não não perder a eficácia no combate ao crime organizado no setor público e privado. Sim, o presidente Temer foi pego numa atitude reprovável. Mas seria mesmo o caso de, a pouco mais de um ano do final de seu mandato, ser alvo de tamanha campanha mediática e de tamanho desgaste político, quando a Economia começava a dar sinais de recuperação graças a sua capacidade de liderar um Congresso e obter vitórias de aprovação de reformas jamais tentadas por outros governantes, nem mesmo por Lula da Silva com todo o sistema institucionalizado de corrupção que implementou para governar confortavelmente? Será que ética inclui desconhecer o destino de milhões de brasileiros que estão com suas vidas destroçadas sem contar a baixa auto-estima que o desemprego provoca? Será que é ético deixar um presidente sangrando até o final para que estas reformas tenham de ser negociadas com parlamentares um a um, numa dinâmica perversa? Ah, Sr, Procurador Janot, há muito mais entre a ética e a política do que sonha vossa vã filosofia!

Psicóloga*