Ivan Santos*

A oposição ao presidente Bolsonaro já deve ter percebido que a prioridade do comandante-em-chefe da Nova Política é a reeleição em 2022. Para isto o Mito trabalha para se apropriar da política que Lula usou para conquistar popularidade: a Bolsa Família. Lula, ao assumir o governo tinha em mente um programa: Fome Zero. Como este não deu certo e a distribuição de alimentos foi destruída por grande roubalheira, o líder petista reuniu os programas sociais criados por Fernando Henrique Cardoso, por recomendação do Banco Mundial para reaquecer a economia após do Plano Real, e criou a Bolsa Família. Agora, o líder liberal prepara a Renda Brasil, que não será outra coisa senão a Bolsa Família com outra feição. Esta Renda, somada à Ajuda Emergencial Temporária será um instrumento de sedução popular que poderá resultar em aumento de popularidade do Mito e render-lhe milhões de votos para presidente da República em 2022.
O presidente não fala mais em Reforma Administrativa ou Tributária. O governo da Nova Política, que atraiu o fisiológico Centrão, hoje distribui cargos e cria Ministérios como fizeram Lula e Dilma, para ter apoio no Congresso. Apoio para promover reformas e modernizar o processo de produção econômica? Não. Apoio contra uma eventual votação de impeachment. O Centrão controla em torno de 200 deputados e este número é suficiente para barrar um pedido de impedimento do mandato do líder liberal. Assim, sem partido e sem programa de governo, o capitão-presidente já cumpriu um ano e meio de mandato.
Hoje, sem se preocupar com a crise sanitária que paralisou a produção econômica com o isolamento social em todos os Estados da Federação, o governo aumenta a dívida pública para oferecer ajuda emergencial a milhões de pessoas que estão sem emprego e sem renda e abandonou o austero programa de ajuste fiscal anunciado no começo do mandato da Nova Política. Assim, a dívida pública interna no ano que vem poderá passar de R$ 6 trilhões e ninguém sabe como ficarão serviços essenciais permanentes como Saúde, Educação e Segurança depois da crise do Coronavírus. E a reativação da produção econômica para gerar empregos e renda? Ninguém ainda sabe como será nem o governo fala neste assunto. A preocupação atual do chefe do governo é combater os “comunistas” que, supostamente, ameaçam-lhe o mandato.

*Jornalista