Ivan Santos*

Já vi no Brasil muitas trapalhadas cometidas por atores políticos, mas nenhuma tão surpreendentes quanto a última do capitão-presidente Jair Messias Bolsonaro. Praticamente todas as semanas, depois que assumiu a presidência da República, o comandante da Nova Política tem surpreendido os brasileiros com uma decisão ou declaração estridente. Nos primeiros 10 meses de governo, Bolsonaro não teve oposição oficial que lhe tenha causado dificuldades. Os problemas enfrentados por Sua Excelência foram criados por ele mesmo.
A mais recente trapalhada de autoria do capitão-presidente foi a investida dele contra o próprio partido, por razão ainda não explicada. Bolsonaro sinalizou que está para deixar o PSL e disse que o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar, “está desgastado pra caramba”. Só não explicou a razão do suposto desgaste.
A surpresa é que Bolsonaro sinalizou que deixará o Partido. Isto no fim do primeiro ano de mandato e às vésperas do ano eleitoral de 2010 quando serão renovados nos municípios de todo o País os cargos de prefeito e vereador. De mudança para novo partido, Bolsonaro enfraquece o PSL na principal cidade do País, São Paulo. Lá o PSL é comandado pelo filho dele, deputado Eduardo Bolsonaro. Se o Chefão abandonar o PSL, Eduardo poderá acompanha-lo e, em consequência, deverá perder a presidência da Comissão de Relações Exteriores na Câmara Federal, cargo importante para conquistar a indicação para embaixador nos Estados Unidos.
Com a intenção de deixar o PSL, o presidente Bolsonaro detona o projeto de conquistar a prefeitura de São Paulo com a candidatura da deputada Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso. Também deverá afastar o senador Flávio Bolsonaro do influente diretório do PSL no Rio de Janeiro. Bolsonaro não mediu as consequências políticas do brusco afastamento dele do PSL, que poderá esfacelar o partido, hoje com  55 deputados e tem sido fiel aos projetos do Governo no Congresso. A trapalhada é mais que que surpreendente. É magnífica.

*Jornalista