Marília Alves Cunha*

A reclamação do Promotor de Justiça mineiro viralizou. Em reunião de procuradores, dia desses, a queixa de um deles tomou conta e causou espanto em grande parte do país: o ganho de apenas R$ 24.000,00 mensais causará “miserê” ao promotor queixoso. Como viver com tão pouco? Como sustentar a família e o estilo de vida costumeiro? A situação é grave! Muito remédio controlado e antidepressivos para aguentar a terrível situação… Virar pedinte, será a solução?
O ilustre promotor esqueceu-se de dizer que, na realidade ele ganha bem mais do que isto, contadas as indenizações, auxilio alimentação e auxílio doença. De acordo com o portal de transparência, a média recebida pelo queixoso nos primeiros 7 meses do ano foi de R$ 68.275,34… Papagaio! Reclamar de que?
Tenho um grande apreço pelo Ministério Público e reconheço seu árduo trabalho na função precípua de defender a sociedade e seus interesses. É uma profissão complexa e exige, de quem a abraça, muita energia, motivação e espírito público. Diria até que, um promotor público tem personalidade diferenciada, que o talha para o exercício da função. Porém, na situação atual em que vivemos, na qual o desemprego é alto e preocupante, na qual as famílias mal vivem, com salários corroídos e dívidas a pagar, não vemos com tranquilidade este tipo de queixa.
Vivemos nós, servidores públicos mineiros da educação e da segurança, uma situação inacreditável. Um professor de Ensino Médio, com licenciatura, por exemplo, ganha o salário base (R$ 1.917,78). Este salário, desde Pimentel e sua ruinosa administração tem sido pago em prestações… O atual governador, diante de um Estado falido, procura se esforçar e faz economia de guerra para voltar a pagar o funcionalismo em dia. Mas o prejuízo já acertou muitos bolsos e muitas mentes e não temos a mínima ideia de quando os céus nos compensarão com um aumento, por menor que seja.. Falando a verdade, professores e polícia não terão muita condição de amainar suas estafas, depressões e desilusões com aqueles remedinhos salvadores que pacificam as almas…
É impossível aspirar a que todos tenham iguais e altas remunerações. Há pessoas diferentes e diferentes tipos de ofício. Sonhamos sim, com uma sociedade na qual as desigualdades não sejam tão gritantes, na qual não exista miséria e todos possam viver com dignidade, na qual a nação se irmane na solidariedade e no interesse pelo bem comum.

*Educadora – Uberlândia – MG