João Batista Domingues Filho*

Presidência da República Federativa do Brasil tem como inquilino o capitão-presidente Bolsonaro, cujos comportamentos presidenciais não se encaixam em nenhum modelo político racional da ciência política. É modelo de falta de autocontrole para o mal da Nação. É um “bom vivant” na Presidência com efeitos imprevistos ou negativos para a relação complexa entre o Estado e a sociedade civil brasileira. A contabilidade dos estragos desse capitão-presidente para o Brasil só, talvez, em 2026. Não se interessa pelos problemas estruturais do Brasil, dado que seu cérebro processa unicamente os interesses de sua família, empresários e mercado financeiro. Governação do Brasil sem separação entre os interesses privados de sua família e os interesses públicos da maioria dos brasileiros é vivenciado “como nunca antes” no Brasil. Nunca se viu tanta falta de competência mínima de um presidente da República para governar, para não falar de conhecimento especializado em nada sobre o funcionamento do Estado democrático. Presidência anarquista familiar só produz efeitos imprevistos ou negativos de sua governança surrealista que tem sentido só em sua cabeça vazia para os interesses da Nação.
Liberalismo econômico no Brasil será fraturado pelo capitão-presidente: cristalizará a falsa crença de que o liberalismo é a causa dos males sociais, políticos e econômicos do Brasil: desde sempre foi uma idéia “fora do lugar”, não funciona no Brasil e nunca funcionará depois desse capitão-presidente. Presidência Bolsonaro é o Brasil entrando no clube das democracias iliberais: Hungria, Polônia, Turquia e Itália com seus ataques sistemáticos às instituições democráticas e às liberdades individuais, colocando em xeque em cada ação presidencial a democracia brasileira. Presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL): economia patinando em verniz liberal e demais ministros e assessores caçadores de comunistas, com suas expertises adquiridas nas liturgias evangélicas pentecostais. Pauta governativa conservadora de costumes com liberalismo econômico é uma jabuticaba brasileira que vai desandar no aumento das desigualdades, violência, corrupção e crimes ecológicos. Liberalismo significa: valores de esforço pessoal e prosperidade material, os quais serão hostilizados por essa Presidência Bolsonaro em tudo delirante, causando efeitos hipnóticos em seus fiéis seguidores babas-ovos.
Sentimento liberal pró-mercado, com demanda por regras do jogo iguais, por individualismo, por política democrática, por economia do desenvolvimento sustentável, com liberdades individuais para a maioria dos brasileiros não estão na agenda presidencial desse capitão-presidente do Brasil, porque não acredita que o motor do progresso humano é a ação dos indivíduos. Sua única missão na Presidência do Brasil é o atendimento dos interesses da sua família, empresários e mercado financeiro. Seu liberalismo econômico em conluio com sua agenda reacionária de extrema-direita nos costumes vai levar o Brasil a piorar todos seus indicadores: social, econômico e político. O Brasil vive sua onda autoritária e nacionalista empurrando a maioria dos brasileiros a buscar proteção em seus grupos de interesse e suas tribos por afinidades afetivas. “O indivíduo soberano, emancipado desse todo gregário zelosamente encerrado em si mesmo para se defender da fera, do raio, dos espíritos malignos, dos incontáveis medos do mundo primitivo é uma criação tardia da humanidade”, nos explica Mário Vargas Lhosa em seu livro: “O Chamado da Tribo”.
Capitão-presidente Bolsonaro levou o Brasil à beira do precipício: é o Brasil sem as reformas estruturais. De deputado federal fanfarrão à Presidência da República, com declarações absurdas para a escória de seu eleitorado. Rosângela Bittar faz pergunta sem resposta: “Qual a solução para o vácuo de poder, de decência, de credibilidade e equilíbrio necessários a manter os cidadãos livres e bem de saúde mental?” (Valor,31/07/2019,A8). Sem condições para o impeachment: perda de popularidade; economia em retrocesso; minoria parlamentar; vice-presidente ambicioso; e rompimento do equilíbrio entre os três Poderes. Capitão-presidente é feliz às gargalhas vivendo nas fronteiras dessas condições para seu afastamento como chefe de Estado por decisão política. Capitão-presidente disse em Washington nos EUA: “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa, desfazer muita coisa.”

*Cientista Político – Uberlândia