Ivan Santos*

A estratégia do grupo que apoia politicamente o presidente Bolsonaro já se movimenta com a visão voltada para 2022 quando haverá nova eleição para a sucessão presidencial. Embora se mantenha sem confirmar a intenção de se candidatar à reeleição, o Presidente não pede aos seus auxiliares para que não falem no assunto. Uma das estratégias em movimento é a alimentada, por seguidores do Astro, nas redes sociais. É preciso manter ativo o sonho de poder supremo pelos próximos quatro anos.
Um superministério como Moro, o da Justiça, precisa ser desestimulado de manter acesa a intenção de querer assumir o Trono no futuro próximo. Como Moro é um astro popular, certamente não é “demissível ad nutem”. Então é preciso afastá-lo habilmente do cargo, sem ferir milhares de seguidores que acreditam que ele pode acabar com a criminalidade organizada no País.
No domingo passado, o chefe supremo anunciou que, na primeira vaga que surgir no Supremo Tribunal Federal, ele indicará ao Senado o nome do ex-juiz e atual ministro da Justiça para juiz supremo. Hábil jogada para se livrar de um super-ministro com elevada aprovação popular. Assim o chefão conservador, por antecipação, afastará um espirante à Presidência da República em 2022. Política, realmente, tem razão que a própria razão desconhece.
E sobre o Pacote Anticrime apresentado ao Congresso pelo ministro Moro, com a intenção de enfrentar a bandidagem organizada? Este pacote está difícil de ser engolido goela abaixo por vários deputados, com destaque para os do Centrão. O presidente Bolsonaro, aparentemente não quer se envolver nessa encrenca. No domingo passado o Presidente foi claro sobre este assunto: “Eu não sou dono da pauta do Legislativo”. Em linguagem de cristão assinalado: “Lavou as mãos”. E confirmou: “Não posso interferir nesse assunto; a bola, agora, está com o Rodrigo Maia” (presidente da Câmara). É uma escapadela clássica de ator da Velha Política, para não assumir responsabilidade sobre um assunto polêmico.
De pouco a pouco o político Jair Messias Bolsonaro mostra as lições que aprendeu em 28 anos de militância na Câmara ao lado de experientes políticos. Bolsonaro foi membro da Bancada do PP quando esta foi liderada pelo então deputado federal Odelmo Leão. Aprendeu a jogar com grandes craques, especialmente os do Centrão.

*Jornalista