Ivan Santos*

A recente queda de braços entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), é página virada. Os deputados acostumados à política do “toma lá dá cá” testaram o chefe do Governo e compreenderam que ele está decidido a manter novo tipo de relacionamento entre o Poder Executivo e o Legislativo.
O presidente foi, pessoalmente, levar o projeto de Reforma da Previdência à Câmara e, simplesmente, deixou claro que a partir daquele momento a responsabilidade pela tramitação, com aprovação ou não da matéria, era dos representantes do povo. Não resta dúvida que a decisão do Presidente foi corajosa, mas não se muda um antigo costume com uma brusca decisão. Fata ao presidente o chamado “jogo de cintura político” para bem conviver com os representantes do povo (deputados) e dos Estados (senadores), no Congresso. O presidente não pode confundir articulação política nem negociação com partidos para aprovar projetos de interesse nacional, com corrupção. O que interessa ao povo da Nação é resolver problemas, não alimentar os existentes ou criar outros.
A articulação política do Governo na Câmara, embora tenha boa intenção, é liderada por um deputado de primeiro mandato que não é levado em consideração pelos veteranos e não tem um discurso lógico capaz de convencer os novatos nem os veteranos. Muitos parlamentares querem é conversar com o presidente. O chefe Bolsonaro ganharia pontos se recebesse pessoalmente os parlamentares indecisos em relação à Reforma da Previdência e lhes dissesse que não aceita recriar o “toma lá dá cá”. O que falta é uma conversa do tipo “olho no olho” entre o chefe do Poder Executivo e os parlamentares. Em Minas os políticos faziam articulações políticas conversando, conversando e conversando.
Para alguns observadores políticos, o texto do projeto da Reforma da Previdência vai ser aceito, com facilidade, na Comissão de Constituição e Justiça. Vai ser o primeiro passo positivo na tramitação do projeto e isto deverá ocorrer até a última semana deste mês de abril. Antes deverá haver muitas conversas entre o ministro Paulo Guedes, da Economia e o Secretario da Previdência, Rogério Marinho, mas enquanto não houver um bate-papo franco com o comandante em chefe, o projeto da Previdência deverá ser cozinhado em fogo lento na Câmara no primeiro semestre deste ano e corre o risco de ser mutilado na essência no Congresso.

*Jornalista