Ivan Santos*

O presidente Jair Bolsonaro, que prometeu trabalhar para acabar com a corrupção e com os privilégios no Brasil, terá muito trabalho à frente para viabilizar suas nobres intenções. O velho patrimonialismo que desembarcou no Brasil com a chegada da Corte do príncipe regente Dom João VI, em 1808, continua em vigor neste País. Nesse sistema, quem assume o poder passa a levar uma vida faustosa custeada com recursos do Estado porque o agente público acredita que tem direito de ser mantido como um nobre, pelos cidadãos da nação.
Um exemplo claro de patrimonialismo foi aprovado na semana passada pela Câmara Federal. Uma maioria ocasional de deputados aprovou o texto-base de um projeto de lei que concede o perdão de dívidas no valor de 70 milhões aos Partidos Políticos Nacionais. Os cidadãos brasileiros contribuem ainda para manter um Fundo Partidário que paga todas as despesas e propaganda no rádio e na TV de quase 40 partidos, 30 dos quais, elegeram deputados para a Câmara Federal. O dinheiro gasto com partidos falta no orçamento da saúde, no da educação e no da segurança pública. É uma farra irresponsável e deslumbrante financiada com dinheiro público.
Há muita fantasia financiada com dinheiro da Vaca Barrosa, que o governo do presidente Bolsonaro precisa corrigir ou eliminar. Por exemplo: muitos servidores do Primeiro Escalão do Governo gastam adoidado, inclusive em benefício próprio, e pagam as despesas com cartões corporativos. O governo não acabou com esses cartões, mas bem que poderia fazer uma avaliação e moralizar este meio de pagamento de contas públicas. Não dá para no Brasil, alguns “marajás” do serviço público continuarem a gastar sem responsabilidade e a pagar as despesas com cartões corporativos.
Tem muitas maracutaias e arapucas para serem desarmadas ou desmanchadas no Brasil e não será em pouco tempo que um governo, por mais boa-vontade que tenha, possa acabar com tantos festivais patrimonialistas montados para completa locupletação.

*Jornalista