Ivan Santos*

O presidente eleito Jair Bolsonaro, que conhece muito bem o comportamento dos atores que encenam dramas e comédias na Câmara Federal não deve confiar muito em promessas de bancadas temáticas que acenam com boa convivência com o Poder Executivo para aprovar projetos necessários, alguns impopulares como o da Reforma da Previdência. Na verdade, a conversa afinada do presidente eleito com parlamentares deverá ser no ano que vem depois de empossado o novo Congresso. Bolsonaro já percebeu que terá que conversar muito com deputados, bancadas e, mesmo que ele não queria, também com os caciques dos partidos. A conversa deverá ser no modelo “olho com olho” e o futuro chefe do governo sabe muito bem que em acertos políticos não há ponto sem nó. Também não há acerto sem que u’a mão esteja disposta a lavar a outra. Não é o velho “toma lá, dá cá”, aperfeiçoado no Brasil por atores do PT-PMDB, mas é algo semelhante inspirado no tempo presente. Tem muitos técnicos e alguns generais que ainda não conhecem o idioma politiques e este vai ser necessário para conversas com os deputados e senadores que poderão ou não aprovar reformas constitucionais. Para encantar a plateia que espera por novos empregos com o reaquecimento da produção econômica, o futuro governo precisa aprovar reformas estruturais e, para isto, vai ser preciso, pelo menos, o voto de 3/5 dos deputados e senadores ou seja: 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações. Embora o futuro chefe da Casa Civil, deputado Onix Lorenzoni (DEM), tenha dito que o futuro governo terá 350 deputados na Base de Apoio, esse número não é garantido. Por conhecer as manhas do Congresso, o presidente Bolsonaro disse nesta semana que a reforma da Previdência poderá ser fatiada e começar pela fixação da idade mínima para aposentadoria. A Previdência no Brasil é deficitária e, segundo alguns especialistas, deixará neste ano um déficit acima de R$ 200 bilhões. O presidente Bolsonaro sabe que terá que propor a reforma da Previdência logo após a posse do novo Congresso e esperar para que nó seja desatado completamente o nó até o fim do ano do mandato ou, pelo menos, enquanto o chefe do governo contar com forte apoio popular. O compromisso do candidato Bolsonaro com o povo era enxugar a máquina e reduzir a 15 o número de ministérios. Hoje já fala em 22 ministérios e só no da Economia serão criadas seis secretarias cada uma com estrutura de um ministério. Assim não haverá redução, mas aumento de despesas. Bolsonaro precisa começar a acertar no primeiro ano. Se errar terá que se desviar de muitas pedras no meio do caminho até 2022.

*Jornalista