Ivan Santos*

A campanha eleitoral em Minas Gerais neste ano poderá resultar  numa espécie de guerra de guerrilha com embocadas, ataques e recuos armados na oposição liderada pelo PSDB e na situação sob o comando do  governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição. Na edição de hoje, do jornal “Folha de São Paulo”, Pimentel confirma que será candidato a reeleição e diz, sem rodeio, que a crise financeira do Estado, que o obriga a parcelar salários e atrasar pagamentos a fornecedores foi construída nos 12 anos de governo dos tucanos (Aécio Neves e Antônio Anastasia) que teriam gastado sem responsabilidade fiscal em obras como a Cidade Administrativa e deixaram o Estado falido. O tiroteio acionado por Pimentel contra os tucanos foi forte, claro e direto. Com certeza não vai ficar sem resposta e esta situação deverá aquecer a polarização da eleição no Estado que poderá ser agravada com a entrada em cena da ex-presidenta Dilma que, acionada por Lula, poderá oficializar a candidatura dela ao Senado. A ex-presidenta prepara-se para dizer aos mineiros que foi expulsa injustamente do Governo sem ter cometido crime e que o algoz que preparou um relatório contra o governo dela foi o senador Anastasia, que atuou a serviço do impopular presidente Temer. Preparemo-nos para acompanhar uma guerrilha eleitoral sem precedentes na história das Minas Gerais. O governador Fernando Pimentel enfrenta uma crise fiscal monumental, em decorrência da qual fraciona o pagamento de salários e atrasa os repasses constitucionais às prefeituras do Estado. Nesta semana o prefeito Odelmo Leão revelou a situação difícil que enfrenta Uberlândia e acionou o Estado na Justiça para receber o que o município tem direito. Sem receber os repasses constitucionais do Estado o prefeito teme um descontrole das finanças que resulte na falta de dinheiro para pagar despesas de custeio obrigatório como salários e atendimento à saúde e à educação. Pimentel tenta transferir a culpa do descalabro financeiro do Estado ao governo do presidente Temer que, segundo ele, ignora as necessidades de Minas e não ajuda o Estado. Há três meses da eleição o governador Pimentel conta como certa a continuação da aliança eleitoral com o PMDB para continuar a comandar Minas por mais quatro anos. Pimentel enfrenta processos e denúncias de improbidade quando foi ministro no primeiro governo de Dilma e tem um pedido de impeachment paralisado na Assembleia Legislativa, mas confia que tem maioria no Legislativo Mineiro para garantir-se na chefia do Governo. O clima de guerra total entre PT e PSDB em Minas parece que vai polarizar a eleição entre o governador e o líder tucano Anastasia sem deixar espaço para uma terceira via. Resta saber como se posicionarão os quase 50% dos eleitores mineiros que ainda não escolheram um candidato a governador.

*Jornalista