Ivan Santos*

A Lei Complementar brasileira 135/2010, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa ordena que “são inelegíveis para qualquer cargo os que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o comprimento da pena pelos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores”. Esta redação é clara para os comuns jejunos em matéria judicial. Assim é possível entender que se o Tribunal Regional Federal da Quinta Região localizado em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul (TRF-5) confirmar, no dia 24 próximo, a sentença do juiz Sérgio Moro que condenou o líder petista Lula da Silva a 9 anos e seis meses de prisão, ele não poderá concorrer à Presidência da República na eleição deste ano. Se esta interpretação for confirmada pelo Supremo Tribunal Federal, Lula poderá continuar a se defender em tribunais superiores, mas não poderá registrar a própria candidatura a presidente em 2018. Talvez por isto o Partidão dos Trabalhadores ainda não organizou a coordenação da campanha eleitoral deste ano e espera o resultado da Justiça para decidir quem será o candidato do Partido ao trono do Planalto, hoje ocupado pelo “golpista” Michel Temer. “Golpista”, segundo os lulopetistas inconformados com a interrupção do mandato da presidenta Dilma Rousseff pelo Senado da República. O PT diz que não tem plano B, mas dificilmente este partido apoiará um candidato de outra legenda, mesmo que seja do ex-aliado PMDB (hoje MDB). Nas especulações tradicionais do ambiente político o PT poderá tentar substituir Lula como candidato do Partido à Presidência, pelo ex-governador da Bahia, Jacques Wagner; pelo ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; pelo governador de Minas, Fernando Pimentel; pelo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha; ou até pela ex-presidenta Dilma Rousseff. A oposição também entra numa pausa para meditação para refletir sobre o processo eleitoral e só retornar às articulações explícitas depois de conhecer o julgamento de Lula pelo TRF-4. Sem um nome com o peso eleitoral de Lula o PT corre o risco de diminuir na Câmara, no Senado e só eleger um ou dois governadores. Em política toda previsibilidade é permitida, até o impossível. O ex-deputado paraense Gerson Peres, citado pelo ex-deputado Odelmo Leão (hoje prefeito de Uberlândia”, dizia que em política ele só não tinha visto boi voar, mas não duvidava dessa possibilidade.

*Jornalista