Ivan Santos*

Quem pensa que na Câmara Federal em Brasília só há deputados (homens ou mulheres) interessados em discutir projetos que regulem e modernizem as aplicações dos recursos orçamentários para garantir ou melhorar serviços de saúde pública, educação, segurança ou infraestrutura engana-se. Muitas das excelências federal atuam como se fossem vereadores interessados em acenar ou homenagear eleitores o a famílias destes para receberem em troca mais apoio na próxima eleição para continuar a circular no Olimpo com todas as benesses que o cargo lhes proporciona. Neste momento tramitam no Congresso Nacional, segundo informações da Agência Câmara dos deputados, vários projetos que dão nome de personalidades nacionais ou fatos históricos a trechos de rodovias federais, aeroportos, monumentos, obeliscos, salas de universidades, cruzamentos rodoviários e outros espaços públicos da União em todo o Território Nacional. Até aí nenhuma novidade, exceto para o deputado Giuseppe Vecci, do PSDB de Goiás. Este ilustre representante do povo, cuja intenção é dividir votos dos mesmos eleitores com deputados federais e vereadores, defende na Câmara Federal um projeto-de-lei que os projetos de denominação logradouros públicos federais só serão admitidos para exame e votação na Câmara Federal se lá chegaram acompanhados de moções de apoio do Poder Legislativo estadual e municipal. É uma forma de dividir apoio futuro de eleitores agradecidos ou encantados na hora de defender a reeleição. A novidade está no projeto-de-lei 7593/17, do deputado Giuseppe Vecci goiano que atualmente está em exame na Câmara dos Deputados. O objetivo da proposta, segundo o deputado de Goiás “comprovar a anuência da população local à homenagem proposta por um congressista federal”. E o ilustre Giuseppe Vecci assim explica a proposição dele: “É fundamental garantir que toda denominação de bem público aprovada pelo Parlamento esteja entrelaçada com a memória e as experiências locais e, principalmente, que seja apoiada pela comunidade que com ela conviverá em seu cotidiano”. No começo desta semana um assessor do parlamentar goiano explicou que “o projeto que moderniza a concessão de homenagens federais foi baseado na súmula da Comissão de Cultura da Câmara que orienta o trabalho dos relatores que atuam no colegiado”. Para quem não entendeu, explicamos: A súmula sugere que os projetos de lei que atribuem nomes a pontes, viadutos, vias, aeroportos e logradouros públicos federais sejam aprovados apenas quando instruídos com uma prova clara de concordância de Assembleia Legislativa ou Câmara Municipal. Assim deseja o diligente e operoso deputado goiano. Esta proposição é politiqueira sem dúvida alguma.

*Jornalista