UMA FÁBULA ATUAL

Dr. Flávio de Andrade Goulart*

Conheci por esses dias uma criatura que me pareceu ser uma boa intérprete desta nossa cidade de Brasília. Tímida demais, entretanto, ela prefere não se identificar e ser chamada apenas de Esopa Lafontina, pedindo-me apenas para acrescentar que este é apenas um pseudônimo, o qual, embora com características femininas, pode não ser denominativo exatamente de uma mulher, deixando isso como mais uma incógnita a respeito de sua identidade. Apresento aqui um primeiro relato que Esopa me trouxe, no qual os leitores certamente encontrarão referências diversas e precisas ao que se passa por aqui, particularmente no mundo dos políticos e da saúde pública. Vejam o mesmo a seguir:
Em certo tempo, o Leão deixara de ser o rei dos animais. O grande felino tinha envelhecido e vira enfraquecer seus outrora potentes e temidos músculos e garras. Além disso se cercara de cortesãos pouco confiáveis, velhuscos como ele, que se notabilizavam mais em agradar o velho déspota do que propriamente dizer-lhe a verdade e orientá-lo, ou fazendo isso quase sempre de forma equivocada, diante de uma realidade que estava sempre mudando. Foi em tal ocasião que a Girafa, aproveitando-se não de sua força, que nem era tão grande assim, mas de seu tamanho, que sobrepujava o de todos os animais da Savana, sugeriu em uma assembleia que o mando entre os bichos passasse a ser rotativo, com a introdução de eleições para a escolha de titular em cada período de tempo. E sendo a sugestão da Girafa considerada boa e justa, assim se procedeu, dando seguimento a uma sequência de atuações de mandatários, algumas consideradas adequadas, outras nem tanto.
A presente história aconteceu no período em que a Anta tinha sido eleita com mandatária no Reino da Savana. Nesta ocasião. As dificuldades ligadas à saúde dos habitantes dominavam amplamente o cenário. Entre as queixas que chegavam ao departamento competente do Reino, havia questões como a discriminação a uma família de Saguis; o atendimento descortês a um Jacaré; a morte de uma Capivara na fila do hospital; a espera da Zebra por um atendimento cirúrgico, que foi adiado sucessivamente por mais de um ano; a vacina que a família Lobo aguardava por meses a fio, em seu reduto na floresta vizinha, sem que fosse atendida ou, pelo menos, informada das razões do atraso; a Seriema que teve uma asa quebrada num voo desastrado e que foi obrigada a ficar mais de um mês sem ser engessada – e mais um monte de coisas assim.
A Anta Mandatária estava muito chateada com tal estado de coisas. Já tinha nomeado diversos titulares para a pasta da saúde e todos lhe traziam problemas sem conta, mais, muito mais do que soluções. Sua primeira tentativa foi de convocar a Ratazana, bem no início de seu governo, mas logo foram levantadas acusações relativas ao prontuário judicial de tal bicho – logo confirmadas pelos fatos, aliás. Tentou a Anta, em seguida, nomear o Crocodilo, mas aquela boca enorme mostrou logo que a escolha também tinha sido equivocada. O Macaco que foi nomeado em seguida também não se mostrou confiável, pela sua inquietação e escassa dedicação real à gestão da saúde dos habitantes. O Morcego, indicado pelo Conselho de Notáveis do Reino, dada sua avidez por sangue teve sua indicação contestada pela própria Primeira Dama, que apesar de ser também uma Anta, demonstrava alguma sensibilidade política, pelo visto superior à da Anta Mandatária. A Raposa também se revelou como uma escolha desastrosa, pois assim como a Ratazana, era portadora de um prontuário revelador de seus costumes malsãos, que todos conheciam, mas que foi desconsiderado pela Anta Mandatária.
Foi então que alguém indicou a Cotia. A Grande Anta nunca havia ouvido falar dela, nem bem nem mal, mas a Irara sua amiga, que indicara a Cotia, garantiu que ela era um bicho muito honesto. – “Mas será que ela entende de saúde? Tendo experiência apenas em um reino bem menor do que o nosso, será que valeria aqui seu conhecimento?” Foi o que quis saber, naturalmente, a Anta, ao que a Irara respondeu: “você não estaria querendo demais? Contente-se com a honestidade, que é um atributo raro por aqui, e estamos conversados!”
Anta chamou Cotia, ouviu dela seus predicados e experiências, sendo que estas últimas tinham como sede outra floresta, bem longe dali e bem menos populosa que o Reino da Savana, com problemas certamente menores. Mesmo assim, em ato contínuo, a nomeou para o cargo. Afinal, estava difícil, se não impossível, encontrar um animal adequado para a gestão da saúde na Savana. Anta resolveu correr o risco.
Cotia era um animal discreto, chegou na saúde como quem não quer nada. Chamou os bichos queixosos e a todos ouviu pacientemente. Em tal ocasião, diversos servidores da Saúde, alguns antigos na casa, foram acusados de falhas e negligência. Cotia passou muitos dias nesta faina. E começou a tomar decisões. A primeira delas foi de se fechar à recepção de queixas , “pois afinal de contas precisava trabalhar”, comunicando isso aos quatro cantos do Reino. Quanto aos denunciados, ordenou que alguns se afastassem temporariamente de suas funções “até que as coisas se acalmassem”, a outros, que se aposentassem, e a outros ainda, transferiu para setores externos. A uma comissão de servidores e bichos-de-fora que pediram uma audiência para sugerir mudanças na gestão da saúde da Savana, argumentou que o momento não era propício para tanto, pois havia muitas coisas preliminares a tratar (porém sem especificar quais seriam tais questões). A uma Lebre, que acabara de chegar do estrangeiro com o título de doutor e que era considerada grande especialista nas questões de organização da saúde, disse que aquilo que ela tinha aprendido lá fora poderia ter muita valia nas florestas estrangeiras, mas que definitivamente não se aplicavam ao ambiente de Savana – esclarecendo ainda “o problema aqui deriva de coisas culturais, sabe como é doutora?”.
Cotia havia lido em algum lugar, não se lembrava bem onde, que o melhor a fazer, quando não se tem certeza de nada, é nada fazer – e que isso era o verdadeiro segredo de uma gestão sem atropelos.
Parece que funcionou. Cotia permaneceu no cargo por anos a fio e Anta pôde, finalmente, curtir as delícias de ser Mandatária na Savana sem aqueles atropelos cotidianos representados por bichos doentes, revoltados, mal atendidos, outros tantos morridos etc. essas coisas sem nenhuma graça que parecem terem sido criadas somente para prejudicar e complicar a vida de quem se dedica ao bem estar geral.
Morais da História: (1) É de onde menos se espera que as soluções aparecem. (2) A arte do bom governar é saber afastar os descontentes. (3) Conhecimento não é tudo; a esperteza costuma valer mais.

*Flávio de Andrade Goulart é médico, professor de Medicina na UFU e na UNB, secretário de Saúde em Uberlândia – MG

JUSTIÇA INJUSTA

Paulo Henrique Coimbra de Oliveira – Economista – RJ

Vi 2 entrevistas de “autoridades” do Judiciário defendendo a PEC do quinquênio. Em comum nas defesas seria a motivação para trabalharem. Só pode ser piada. Tempos atrás vi editais de concursos, um para juiz e outro para médico. Atrativos: salário inicial de juiz – 35 mil. Médico 3,5 mil. Realmente o juiz não deve ter motivação mesmo. O máximo que vai ganhar em final de carreira é 40 mil. Daí para frente é só politicagem. Porém a imprensa tem divulgado à exaustão que é comum juízes e desembargadores estarem faturando em média até 100 mil por mês devido aos penduricalhos imorais e isentos de IR. Total absurdo. Duvido alguém pedir demissão para ganhar mais na iniciativa privada. Falta competência e coragem. Em que é melhor um juiz do que um oficial das forças armadas recém formado por exemplo? E ganham um inicial de 11 mil reais e para ganharem o que ganha um juiz em início de carreira tem que trabalhar 40 anos para chegarem a general. Penso que um juiz para iniciar sua carreira deveria ter o mesmo salário de um tenente. Fica a idéia.

A função social da riqueza

*Cesar Vanucci

“Eu resolvi financiar alunos da Einstein para sempre.”
(Professora Ruth Gottesman)

Na semana retrasada, todos os alunos da faculdade de Medicina Albert Einstein, localizada na região socialmente mais carente de Nova Yorque, o bairro de Bronx, Estados Unidos, foram surpreendidos por convocação da Reitoria, para uma reunião de emergência, sem pauta previamente anunciada. A chamada provocou alvoroço, dando origem a toda sorte de especulações. Na hora aprazada, diante de auditório lotado, mudo e quedo que nem penedo exprimindo algum receio quanto ao que iria ser dito, o Reitor da Instituição comunicou, em tom solene e pausado, que os estudantes da Albert Einstein ficariam desobrigados para sempre do pagamento das anuidades. Nos segundos seguintes o silêncio registrado foi ensurdecedor. Mais ensurdecedor ainda foi quando o público tomou consciência do lance extraordinário que deu origem ao auspicioso anuncio, explodindo em aplausos e gritos de incontida euforia. A explicação a respeito da gratuidade foi dada quando a multidão aquiesceu à ideia de uma pequena trégua para que o Reitor pudesse concluir sua bonançosa fala. Aconteceu o seguinte: uma antiga professora da escola, herdeira de fortuna deixada pelo marido super milionário, resolveu destinar um 1 bilhão de dólares, ou seja algo equivalente a 5 bilhões de reais, como quitação completa dos custos de graduação. O nome da benemérita, educadora é Ruth Gottesman, de 92 anos. Sua doação é tida como a maior já registrada na história de universidades americanas.
Ruth é membro do Conselho da universidade, com mais de meio século de atuação em atividades pronunciadamente sociais. É doutora em Educação pela Universidade de Columbia. Era casada com um dos homens mais ricos do mundo, David “Sandy” Gottesman, recentemente falecido. Esta não foi sua primeira doação com fins filantrópicos. Em 2010, o casal destinou, para a mesma instituição agora contemplada, 25 milhões de dólares (125 milhões de reais). Os recursos foram aplicados na implantação de um instituto de Pesquisa com Células-Tronco e Medicina Regenerativa.
Essa magnífica história de solidariedade, projetando figura humana admirável, com percepção bastante nítida da função social da riqueza, remeteu este desajeitado escriba a um episódio guardado entre suas reminiscências mais ternas e sugestivas. Em meados dos anos 40, o grande educador Mário Palmério, que ainda não se tornara o romancista famoso que todos hoje aplaudimos, implantou em Uberaba, Minas Gerais, o Liceu do Triangulo Mineiro, pouco depois Colégio Triangulo Mineiro. O educandário foi a célula embrionária da conceituada Universidade de Uberaba.
Alunos do curso ginasial – um bom contingente deles -, pertencentes a famílias de condição financeira inferior, foram contempladas inesperadamente sem delongas burocráticas, com bolsas de estudo integrais. Os recursos carreados para essa nobre finalidade procederam de doação de um cidadão nascido em Uberaba e radicado em Uberlândia. Empresário dinâmico, que fez riqueza na atividade agropecuária e setor de serviços, Afrânio Azevedo firmou parceria com o nascente conglomerado educacional, beneficiando muita gente. Um registro que faço com emoção. Entre as centenas de estudantes favorecidos com a providencial ajuda figurávamos eu e Augusto Cesar, meu saudoso irmão, primeiro brasileiro a conquistar um Emmy e um Ondas, os mais importantes lauréis da televisão mundial.
Ao longo dos anos tomei conhecimento de outros gestos de solidariedade social praticados, sempre de forma silenciosa, por Afrânio Azevedo. Guardei dele sem ter podido desfrutar da honra de conhecê-lo pessoalmente, a lembrança de um cidadão dotado sensibilidade social, pertencente ao invejável mundo dos corações fervorosos, receptivos à ideia de que a riqueza possui indeclinável função social. Tal qual a generosa educadora estadunidense.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

MADONA É DA ESQUERDA

Iria Dodde – Proferrora – SP

O show de Madonna foi sensacional para os adeptos de esquerda. A impressão que tive é que ela ficou apta a se inscrever no PT ou Psol. Terá como madrinha Marcia Tiburi , aquela do coito anal. Lula , se for esperto, deve contratar Madonna a peso de ouro para voltar a ter quórum em seus comícios. Se bem que esquerda gosta mais de Funk e sambas de baixo nível.

VIOLENCIA CONTRA A VIOLÊNCIA GERA MAIS VIOLÊNCIA

Ivan Santos – Jornalista

Tenho lido em várias publicações tradicionais e da internet, que após quase um ano e meio do governo socialista do presidente Lula a segurança segue como sempre foi: um fracasso absoluto e sem solução.
Nada mudou depois da criação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). O Governo informa aos brasileiros que o reforço à Segurança Pública e o combate ao crime organizado são prioridades do Governo. Elas palavras. Um mau exemplo é o da Polícia Militar de São Paulo que em operações na Baixada Santista, já matou mais de 60 pessoas. Os encontros com tiroteios entre policiais, milicianos e traficantes no Rio de Janeiro é uma demonstração diária das ações violentes de combate ao crime organizado.
No Brasil atual ninguém mais acredita que será possível reduzir a violência e o crime organizado com ações policiais para combater criminosos e recolhê-los aos presídios de segurança máxima. É preciso organizar ações de Inteligência e educar as pessoas para que estas saibam conviver com a criminalidade.
Recentemente o presidente da República pediu as autoridades da Segurança que aplicassem mais ações contra o crime organizado; A Ordem do presidente pouco mudou porque faltam homens preparados para as ações e não há dinheiro suficiente para construir mais presídios, construir mais presídios e comprar mais sofisticados equipamentos de inteligência para serem usados em sofisticadas investigações.
Os políticos que governam o Brasil precisam começar a pensar que não se reduzirá a violência criminosa apenas com repressão policial. É preciso atentar para os efeitos produzidos na sociedade pela brutal concentração da renda no Brasil segunda de aumento constante da miséria que cresce nas cidades como cogumelo no verão.
O Brasil não está bem. Entra um governo e após ser substituído por outro, a criminalidade só aumenta. As cabeças coroadas do Governo precisam concluir que a violência na sociedade não será extinta apenas com repressão policial porque violência gera mais violência. É preciso usar a cabeça com mais firmeza e atenção.