Caminhamos ao encontro de mais uma jornada em que um grande número de candidatos irá, novamente, apresentar-se para a disputa por vagas nos tronos dos poderes executivo e legislativo municipais. E mais uma vez a classe dos marqueteiros se agita para conseguir a confiança dos postulantes, com vista a adequar os seus discursos e posturas para chegar o mais perto possível dos recorrentes anseios e necessidades do eleitorado. Difícil acreditar que marketing elege qualquer candidato a isso ou aquilo em nosso Brasil, embora eu reconheça que Fernando Collor tenha sido eleito presidente unicamente em função de uma grande, bilionária e muito bem elaborada estratégia de publicidade; portanto, há controvérsias! Mal feito o marketing pode derrubar as chances de um político eleger-se. Então, penso, as coisas não são tão simples…Quer ser eleito? Então que se busque forças de apoio na região onde vive e seja criado um clima diferenciado e de otimismo para cada circunstância, forjando e planejando discursos para cada comunidade a ser visitada, escolher os pontos mais importantes – os aspectos básicos que interessam de perto o eleitorado e colocá-los em destaque durante caminhadas, encontros, discursos e distribuição de “santinhos”, nunca esquecendo de levar no bolso ao menos dez máscaras diferentes e de forma a usá-las em propícias ocasiões. Repetir sempre as mesmas mensagens ao eleitores, para que as mesmas tornem-se uma redundância (uma importantíssima “lei” de comunicação); quanto mais as mensagens são repetidas, em alto e bom som, mais os eleitores irão memorizá-las e ainda mais se forem impulsionadas por meio de computação gráfica e sons obsediantes, o que termina criando um estado de fadiga mental que subordina a maioria daqueles a quem se destina ( já tivemos gritantes e subseqüentes exemplos dessa tática em nossa cidade às vésperas de eleições, sempre com os mesmos candidatos ). A propósito é sumamente interessante o “Manual dos Inquisidores”, do frade dominicano Nicolau Eymerich e onde ele aponta o truque dos hereges para responder sem confessar. Eis alguns que, reconheçamos, já foram demasiadamente usados por candidatos diversos ao longo dos anos: responder de maneira ambígua a maioria das perguntas, sempre responder acrescentando uma condição, fingir-se surpreso com alguma informação, inverter perguntas, passar-se por vítima, auto justificar-se e dar ares de santidade. Vamos a alguns exemplos de políticos bagre: Maluf, o Paulo, tinha o hábito de responder o que não lhe foi perguntado e nunca falar o que todos queriam ouvir; Janio Quadros, dizia o meu saudoso pai, era um mestre na arte de fazer-se surpreso; “quem não deve, não teme” sempre foi a frase preferida de candidatos acusados de algum prática ilícita. E uma coisa é certa, certíssima, muito certa: candidatos a políticos e políticos re-candidatos não costumam reconhecer os seus pecados, afinal são todos eles inocentes ou vítimas de calúnias oposicionistas; não são e nunca foram orgulhosos; arrogantes e vaidosos, jamais!Diga-se de passagem que em época de eleições é muito difícil algum candidato não se passar por cristão, franciscano, beneditino ou lazarista. Claro, afinal é assim a santa política! O Cardeal Mazarino, que recebeu o cardinalato em função dos seus dotes diplomáticos e dos bons serviços prestados à corte de Luis XIII, escreveu o “Breviário dos Políticos” e onde cita pérolas que, desde então, tem servido a um grande numero de políticos: “ o centro vale mais que os extremos”, “ age com seus amigos como se devessem tornar seus inimigos”, “ a opinião que fazem de ti não é a melhor do que a opinião que fazem de outros”, “desconfie sempre de todos os que o rodeiam”, “simule e dissimule”, “não acredite em ninguém” e “fale bem de todos” . Enfim, acreditem, o mundo da política não é para os fracos!

Gustavo Hoffay
Agente Social
Uberlândia-MG