Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG

“Há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis para uma vida satisfatória, recompensadora e relativamente feliz. Um é a segurança e o outro é a liberdade”.
(Zigmund Bauman)

Não é preciso dar muitos tratos à bola, pensar aristotelicamente ou tergiversar a respeito em imponentes seminários para se chegar à certeza, infelizmente, difícil de encarar: o Brasil é um país onde não se conta com segurança mínima.

Não estou me referindo absolutamente àqueles que contam com poderoso serviço de proteção as suas augustas figuras e que, geralmente, alimentam e disseminam a ideia de que armas de fogo devem estar longe do alcance do povo. Este povo brasileiro que enfrenta todos os dias as ruas, cada vez mais violentas, os meios coletivos de transporte sem nenhuma proteção, que antes de fazer uma casinha para morar tem de pensar primeiro em cercá-la com um muro alto, enfeitado com cerca elétrica e outros emaranhados para tentar se defender, se puder. Para nossa imensa infelicidade, até os policiais militares, que cuidam da nossa segurança, estão meio sumidos das ruas da cidade. Se me lembro bem, eram mais frequentes… Gosto de ver a polícia nas ruas. A sua primeira e mais importante missão é assegurar a proteção da sociedade, tornar mais tranquila a vida dos cidadãos. Dia desses ouvi uma asneira, cantada por uma turminha de zumbis que andava atoa na vida: “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da policia militar”. Esta, certamente, não é a infeliz ideia de gente que preza pela ordem e pela disciplina, que almeja paz para o seu país. E que preza na nossa Constituição, o que está escrito com todas as letras: o Brasil é um estado federativo. Os entendidos entenderão…

Triste, né? Não temos segurança. De mãos vazias, de calças arriadas não temos como correr. Entregues estamos à nossa própria sorte. E não pensem que está ruim demais, pode piorar. Deram agora para defender bandido, achar normal a corrupção, a descriminalização das drogas sem o mínimo projeto, tudo na improvisação que rege o caminhar deste país. E passaram a demonizar a família, a pátria, a religião, tudo que a gente preza e construiu como se tudo fosse um impeditivo ao progresso social. Dizem os entendidos que a segurança depende de aperfeiçoamento moral da sociedade. Mas não consigo compreender como será uma sociedade nestes moldes se não forem dadas a ela condições necessárias para que isto aconteça…

Escrevi muito sobre segurança, mas há muito mais a dizer. Faltou espaço para a liberdade, ou o texto ficaria grande demais, contrariando o meu estilo. A gente tem que falar muito e bonito sobre a liberdade, um valor intrínseco à nossa própria condição de ser humano. Até os animais se ressentem quando lhes frustram o sabor de ser livres. O cachorrinho mais alegre do mundo se transformará no mais infortunado ser, se o prenderem às correntes, podar seus movimentos, sugar sua energia. Engaiolar um pássaro é tornar triste sua canção, prender seu voo, desfigurar a imagem linda das asas abertas, cortando o ar…
Precisamos falar sobre liberdade, pois está começando a faltar espaço para ela, neste país lindo e abençoado por Deus… Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós!