Gustavo Hoffay – Agente Social -Uberlândia-MG

Corriqueira, portanto comum; assim vem sendo entendida e às vezes estupidamente aceita a onda de violência que vem assolando cada vez mais a sociedade brasileira. Impacto? Quase nenhum em meio a duas centenas de milhões de viventes em terras pindoramas e visto que, a cada dia e muito infelizmente, acostumamo-nos com o que antes era considerado inconcebível e que, hoje, é tido e havido por trivial e desgraçadamente presente em nosso cotidiano. A prática de delitos diversos já é algo tão rotineiro que sequer provoca indignação em muitos brasileiros e a não ser, é claro, quando eles afetam diretamente a cada um de nós em nossa rua, em nossa casa ou em meio a nossa família! Cemitérios e crematórios vão aumentando a sua capacidade física e operacional, enquanto empresas do ramo funerário vem obtendo faturamento cada vez maior e tudo em função da complacência da maioria dos nossos legisladores, da sua covardia e da sua falta de interesse em opor um dique a esse monumental descalabro, visto que a morte torna-se sempre e mais um grande negócio para quem crema, sepulta e administra negócios onde orbitam outros e variados meios de faturamento sobre a desgraça gerada pelo ímpeto de cólera vigente em meio à nossa sociedade. E o que tem sido feito para ao menos diminuir a barbárie imposta por muitos em função da omissão do Estado? Nada, literalmente nada e a não ser discursos de caráter meramente político. Programas de assistência social ou de repressão à criminalidade, atualmente em vigor, em nada contribuem para promover a segurança do cidadão nas ruas, em sua casa ou em qualquer forma de transporte público. Leis que deveriam intimidar ações de marginais sequer fazem-lhes cócegas e as autoridades , mesmo gastando polpudas quantias dos recursos públicos, a tempos encontram-se intimidadas, desmotivadas, sem forças e sem preparo, sem qualquer condição para fazer frente a essa repolhuda desgraça pública e alimentada que é pela vergonhosa impunidade advinda de uma Justiça capenga e assimétrica em relação ao avanço da criminalidade. Para azedar ainda mais esse efervescente caldeirão de horrores, a presidência da república e os governadores livram-se a todo momento da responsabilidade pelo crescente aumento das investidas criminosas contra o povo, alegando caber ao poder legislativo federal a criação de leis que ao menos intimidem ações a partir de contraventores de qualquer espécie e calibre. O cenário de tamanhas crueldades para com o povo é assaz preocupante ,vergonhoso e aumenta aos borbotões, a começar por crianças seduzidas por criminosos e que formam assustadores arrastões por nossas ruas, fazendo de facas, porretes e revólveres as suas ferramentas de “trabalho” em um mundo que lhes é peculiar, enquanto treinam e se especializam em tarefas diversas, delimitando territórios, impondo as suas próprias leis, códigos de posturas e comportamento. É o estado marginal que avança sem medo e sem piedade sobre as fronteiras que delimitam o Estado legal e sem leis que, de fato, protejam os seus cidadãos. São trombadinhas, traficantes, drogados, ladrões, estupradores, assassinos cínicos, violentos, natos, ocasionais ou habituais e até certo ponto beneficiados por leis caducas, seculares e que hoje contribuem para incitar a prática de delitos diversos. Nossos legisladores, a quem caberia a criação de leis que se fazem cada vez mais urgentes para estancar a sangria cotidiana acovardam-se, dormem em berço esplêndido, tapam os seus olhos e ouvidos e usam os meios de comunicação social apenas para fingirem-se abestados diante de incontáveis tragédias cotidianas, cujos autores terminam premiados pelos benefícios que deveriam ser extirpados do Código Penal e como são, por exemplo, as tais “saidinhas por bom comportamento” ou seja: uma aberração oficial com a chancela do Estado para recompensar apenados por cumprirem as suas obrigações, enquanto penitentes custodiados e à custa dos impostos que pagamos regularmente; um hino lúgubre embalado pela imoralidade de uma lei descabida e fomentadora da barbárie que rola frouxa e livre pelo nosso país. A reforma das nossas leis,nesse contexto, torna-se um imperativo da consciência coletiva nacional e um dever do Estado. Exigimos um Estado protetor ao contrário de um Estado usurpador dos nossos direitos e distante de assumir a sua função de acolher e proteger os seus cidadãos; o Estado dá medo, sim! Graças àqueles a quem confiamos os nossos votos, milhares de presos não retornam à prisão após cumprirem o benefício da “Saidinha de Natal” e ainda fazem das nossas ruas um circo de horrores patrocinado por uma injustificável paralisia legislativa. Cabe a cada um de nós, cidadãos acuados diante de tanto horror imposto pela criminalidade, cobrar de quem elegemos como nossos legítimos representantes na câmara do povo, severas medidas para fazerem re-emergir uma vida baseada na ordem e na justiça.