Faz parte do rico e variado folclore político mineiro, a matrerice e as artimanhas táticas de Tancredo Neves (PSD) e

Gustavo Hoffay – Agente Social -Uberlândia (MG)

Magalhães Pinto (UDN) durante as suas respectivas campanhas eleitorais nos distantes anos 50,60 e 70; o primeiro era natural de São João Del Rey e o segundo de Santo Antonio do Monte. Diz a história que eram tão espertos que, imaginem, chegavam a tapear um ao outro ao dizer a verdade (!) mas, apenas, para tirarem proveito de uma desconfiança mútua em suas respectivas caminhadas rumo à vitória nas urnas. Coisa de mineiros, sabe-se lá…E desde muito a tapeação e a omissão de não poucos legisladores continuam deixando rastros ao longo de décadas na historiografia política tupiniquim, com dissimulações táticas de engodo que chegam a atingir níveis estratosféricos, inimagináveis, hollywoodianos… eu diria! Vejamos, por exemplo, a questão da propalada reforma tributária e a qual estava parada a três décadas no Congresso Nacional. Uma tapeação cercada de “mutretas” que serviu e ainda servirá de plataforma política a ser incansavelmente explorada pelos ocupantes interinos daquela Casa . Por outro lado o nosso Brasil, desde muito tempo, parece estar virado de cabeça para baixo em questões como a Segurança Pública e onde, espantosamente, policiais são punidos por sacarem suas armas e atirarem contra bandidos de alta periculosidade, numa claríssima e completa inversão de valores e prioridades. Ora, francamente…..Onde os nossos caros ( em todos os sentidos) legisladores para agirem nessa questão de interesse público e urgente? O caráter de quem foi eleito para governar o Brasil, seus estados e municípios deveria ser o espelho da grandeza do homem público, da sua lealdade, comprometimento e inteireza de propósitos para com os eleitores! Quem de nós nunca viu nossos avós e pais apontarem para um político e dizerem “aquele, sim, é um homem de valor, um homem de palavra”? A política nacional está sendo, célere e sabidamente, contaminada pela crise de corrosão de caráter e a qual vem provocando uma metástase que se propaga em gabinetes de palácios oficiais e o que, aliás, vem sendo amplamente divulgado pela imprensa nacional, chegando mesmo e muito felizmente à cassação de mandatos de alguns dos eleitos pelo voto popular. E a crise é também de credibilidade, pois o povo já passa a desacreditar, inclusive, das instituições públicas. Leis que não são cumpridas, lerdeza da Justiça, prioridades distorcidas, banalização da violência, governantes tíbios, culto a traficantes de drogas, medidas pífias contra a anarquia e o terrorismo impostos por delinqüentes cientes da impunidade que grassa em todo o nosso território, estelionatos, assaltos ao bolso do contribuinte e de maneira a anestesiar o ânimo e o otimismo de centenas de milhares de famílias brasileiras; tudo isso, naturalmente, segue desalinhavando o tecido social e rebaixando o ideal de justiça, fazendo que um sadio convívio social perca para o “EU” egocêntrico de um individualismo utilitário. Resplandece, até, em nosso país, a banalização da religiosidade por meio do abuso de quem julga-se na sagrada missão de pastorear uma massa cada vez maior de fiéis ( ou clientes? ) e enquanto exploram , o quanto podem, as suas já parcas economias….em nome de Deus! Muito do que sonhavam os nossos avós e o que eram as metas dos nossos pais em relação à sua prole, perderam-se no caminho por entre as brumas originadas de erros e incertezas políticas, tornaram-se fumaça. O que antes eram exuberantes expectativas, tornou-se um papel amarelado na parede. Quem poderia imaginar, num passado não muito distante, um presidente ser julgado e condenado na condição de ladrão, corrupto e corruptor, terminar preso e novamente ser eleito para o mais alto cargo do poder executivo ou, ainda, bandidos invadirem penitenciárias para soltar colegas de práticas criminosas ou donas de casa serem estupradas na frente dos seus filhos e, mais ainda, vermos invadidos e depredados prédios públicos históricos na nossa capital federal, detentora da maior área tombada do mundo ? Nossa sociedade está doente, sim, em função de instituições geridas por pessoas politicamente indicadas e sem qualquer preparo técnico ou prático, a partir de indicações de alguns legisladores corroídos em seu caráter. No Brasil de hoje tolera-se o intolerável enquanto, iludidos, supomos viver social, política e juridicamente organizados: de nada carecemos e contentamo-nos com o supérfluo enquanto acomodados em um estado de ilusão e o qual, diariamente, cultivamos de maneira passiva e submissa. Nesse sentido aproveito para parabenizar a educadora e escritora Marília Alves Cunha, pelo seu excelente artigo e publicado neste valoroso espaço na edição do dia 19 pp e sob o título “Era Uma Vez Brasil”…. E era mesmo!