Antônio Pereira ´- Jornalista e escritor- Uberlândia – MH

O Distrito de Martinésia foi fundado por Joaquim Mariano da Silva em cumprimento a uma promessa feita por sua mãe a São João Batista.
Joaquim Mariano tinha o mesmo nome que seu pai. Quando criança foi acometido por colerina e dona Ambrosina Maria de Jesus, sua mãe, fez o voto. Curando-se, o próprio Joaquim se propôs a cumpri-lo quando adulto.
Mandou construir e ergueu, no alto de uma colina que ficava nas terras da velha fazenda dos Martins, um cruzeiro onde, por muitos anos, a população da região se reunia para rezar o terço no dia 24 de junho.
Isso se deu entre 1917 e 1919.
Os moradores da vizinhança estiveram presentes ao ato do erguimento da cruz onde rezaram o terço e ajudaram pessoalmente a erguê-la.
Nesses encontros se recolhiam esmolas destinadas à construção de uma futura capela para São João Batista.
A primeira capela foi construída com palhas de coqueiro e acabou caindo. Providencialmente isso aconteceu após uma reunião religiosa, logo depois que todo mundo saiu. Essa primeira capela foi construída por um senhor conhecido por “Mussuline”.
Construíram uma segunda, de adobe e, algum tempo depois, a terceira, com tijolos e argamassa, que está lá até hoje.
Essa capela foi construída defronte ao cruzeiro. Foram os empregados e moradores da região da fazenda dos Martins que construíram as primeiras igrejas.
Nos muitos anos que antecederam a construção da capela, era sorteado um festeiro que recolhia as esmolas da população. Erguido o cruzeiro e, depois, a capela, a festa se tornou mais atraente e mais solene. Vinha gente de toda parte, principalmente das zonas vizinhas. Os festeiros convidavam o vigário de Uberabinha que, nos dias aprazados, comparecia e rezava as missas. Alguns fiéis que moravam mais distante ficavam dias no lugar acompanhando a alegria das festas.
A igrejinha foi construída em terras do sr. Hipólito Martins e, à sua frente, se desenvolveu a sede do Distrito. Foi em 1920 que começou a se formar o povoado com a construção de casas residenciais próximo à capela.
O seu desenvolvimento chamou a atenção dos mascates, em seguida, dos comerciantes e logo se instalou uma farmácia. Depois construíram a escola Cristiano Machado e logo várias casas de secos e molhados.
Um grupo de fazendeiros se reuniu e comprou a área em torno da capela visando criar o patrimônio de São João da Boa Vista de Martinópolis. Em 1926, foi criado o Distrito pela Lei no. 935, de 27/09/1926, instalado no ano seguinte.
Esses fazendeiros foram os seguintes: Emerenciano Cândido da Silva (Capitãozinho), Germano Ribeiro da Silva, João Paniagua Nunes, José Jacob, Hipólito Nunes, Eliotério Batista Pacheco, Américo Severino do Nascimento, Aniceto Antônio da Silva, João Antônio de Faria, Marcelino Antônio Faria e Francisco Antônio Fernandes. Eles constituíram uma sociedade para promover o progresso do lugar. Compraram o terreno para a formação do Patrimônio que, tempos depois, foi doado ao Município.
Contrataram um engenheiro, o dr. J. Costa Carvalho que, em 1918, fez a planta do lugar, traçou ruas e logradouros e estabeleceu os limites com as fazendas. A área do patrimônio limitava-se com as posses de Gabriel Martins da Silva, Manuel Martins Ribeiro e Galdino Severino da Silva.
O Distrito dista 30 km da sede do Município e possui uma área de 562 km2. No cinqüentenário de Uberlândia ele possuía uma população na sede de aproximadamente 450 habitantes que caiu, por época do centenário para 300.
Atualmente experimenta algum crescimento populacional, é ligado por asfalto à Sede, tem luz, água, telefone. Nos seus princípios foi área de grande produção agrícola, principalmente algodão, cana de açúcar, café e cereais, atualmente dedica-se mais à pecuária.
Seu primeiro nome foi Martinópolis, mas, em 1943, através de um Decreto-Lei, foi mudado para Martinésia.