Antônio Pereira – Jornalista e escritot

Aqui, a dança e a música acadêmicas nasceram juntas, em 1.957, quando da criação do Conservatório Musical de Uberlândia, de Cora Pavan Capparelli, que pretendia uma escola de artes integradas. Foi a primeira academia de dança da cidade.
As bailarinas Lizette de Freitas e Elizabeh Brito criaram escolas específicas, as Academias Forma e Skema. Lizette buscou, fora de Uberlândia, profissionais educadores da área e bailarinos para formar um corpo de baile. A primeira apresentação da Academia Forma se deu no abandonado Cine Teatro Avenida.
A partir de 1.980 multiplicaram-se as escolas de dança. Essas Academias criaram um clima cultural e um movimento que fermentou a ideia de se criar um Festival de Danças do Triângulo com muito empenho da Lizette que veio a falecer em 2.000.
A Secretária de Cultura, prof. Yolanda de Freitas, ofereceu o apoio necessário. No começo houve muitas dificuldades técnicas. O palco montado no chão. Grupos que mal conheciam coreografia. A primeira apresentação do Festival foi em 1.986, com pouco mais de 10 grupos, no Teatro Rondon Pacheco.
Nessa época, a população encarava o evento como um momento validamente artístico e turístico. A partir da 4ª. edição, a Secretaria de Cultura assumiu a sua direção distribuindo as apresentações por vários palcos, como o Praia e o Sabiazinho. A partir da quinta apresentação o Festival assumiu um caráter profissional.
Existiu uma dança antes e existe outra depois dos Festivais. Em 1.987, profissionais que já existiam na cidade, congregados nas Academias locais, queriam a inclusão da dança no calendário cultural da cidade. Organizaram-se em torno da Associação das Academias de Dança. Eles queriam estabelecer um momento de dedicação à dança com intercâmbio entre os grupos regionais, aperfeiçoamento e projeção da arte local. Nesse mesmo ano, realizaram um novo Festival no teatro Rondon Pacheco. Foi uma interação profunda e horizontal dos astros nacionais da dança. Percebeu-se que o Festival valorizava a dança na cidade, juntavam-se professores, bailarinos, críticos, de vários estados. Os primeiros festivais foram competitivos com premiação para os primeiros colocados. Num determinado momento entendeu-se que a mais expressiva forma do Festival seria a troca de conhecimentos e informações, os fóruns pedagógicos, a discussão com especialistas. Um estímulo ao aperfeiçoamento dos estudantes locais e não uma competição. O Festival mudou muita coisa. Surgiram bailarinos de rua, estabelecimentos abrigando música e dança. Em 1.991, a Secretaria de Cultura assumiu o Festival com objetivos de transformar a cidade num centro cultural de dança atraindo pessoas e intelectuais. A seleção prévia recebeu críticas mas promoveu a melhor qualidade nas apresentações. Quando era competitivo, contava com curadores e jurados que avaliavam as coreografias a partir das modalidades dispostas por categoria e, assim, atendiam amadores e profissionais. De repente, um grupo de artistas começou a propor a apresentação como um evento de arte independente de classificações e prêmios.
Transformou-se o festival numa Mostra. Não houve mais confrontos. Procuraram fóruns de avaliação em diálogo. Bandeira defendida por alguns artistas e a Secretaria. Em 1.991, foi extinta a Associação e a classe começou a se distanciar. Quando a cidade começava a assimilar, o evento entrou em decadência. Segundo o promotor de arte, Carlos Guimarães Coelho, o Festival perdeu o fôlego ao transformar-se em Bienal. A primeira Bienal, XI Festival de Dança, foi aberta no dia 7 de julho de 1.998 pela bailarina Ana Botafogo. A 24ª. sessão foi em 2012.
Na Bienal apareceram problemas, confrontos e esvaziamento do entusiasmo. As mudanças de governo permitiram modificações no Festival. Voltou a ser anual, desenvolveu-se. Em 1.997 não houve Festival.
Era um Mega evento. Movimentava milhares de reais na economia. (Fontes: Fernanda Bevilaqua, Carlos Guimarães Coelho, Correio de Uberlândia).