Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
No nosso país, somente entre os anos de 2011 e 2021, foram registrados oficialmente 616.095 assassinatos no total — o equivalente à população de Aracaju. A taxa de homicídios no país passou de 27,4 por 100 mil habitantes, em 2011, para 22,4 por 100 mil habitantes em 2021.
Ao contrário do que preconizou Bolsonaro e do que falam ainda hoje os bolsonaristas, a política armamentista e as disputas locais entre facções menores estão entre os fatores que motivam os assassinatos. Se não fosse a política armamentista dos últimos anos no Brasil, a queda dos homicídios poderia ter sido maior. Houve um aumento das violências contra populações minoritárias e os efeitos da pandemia que ainda precisam ser estudados.
Esses números não contam com a informação de 49.413 mortes com características semelhantes a homicídio que ficaram fora das estatísticas oficiais na última década. Em média, o número de homicídios ocultos ao ano foi de 4.492, entre 2011 e 2021. “Este índice corresponde à média anual de homicídios que ocorre no estado de São Paulo”, diz o Atlas da Violência, divulgado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o levantamento, o Estado foi incapaz de identificar como homicídio 39,1% das mortes tratadas como sem causa determinada.
A falta de compartilhamento de informações é um dos motivos apontados para a precarização dos dados. Quando uma pessoa morre por morte violenta, o médico legista, muitas vezes, não consegue apontar as razões para o evento. Com isso, as secretarias de saúde pedem ajuda às polícias.
Os governadores dos Estados e Distrito Federal, além do governo federal, nunca sentaram à mesma mesa de reuniões para efetivamente resolver o gravíssimo problema de falta de informatização de todas as informações pertinentes à segurança pública e dos cidadãos brasileiros.
Neste arremedo de país apenas o envio de IPTU e a Receita Federal possuem informatização e primeiro mundo. Para cobrar impostos, governadores e o governo federal conseguem super computadores, sistema modernos e toda tecnologia necessária, entretanto, quando o assunto é segurança pública nada é feito.
Multas de trânsito chegam ao proprietário em tempo recorde, não importa a estrada onde a multa foi lavrada ou filmada por radares de última geração. Por que essa tecnologia não é aplicada à segurança dos brasileiros? Sistema de vídeo monitoramento deveriam fazer parte da paisagem das nossas cidades e médio e grande porte. Um policial civil ao acionar seu computador deveria ter na tela todos os dados referentes aos criminosos. Assim como as viaturas das polícias militar e rodoviária no país inteiro.
Mandados de prisão e de busca deveriam ser automáticos quanto ao envio para todo o sistema policial no Brasil. Não é utopia, é necessidade e o povo deve cobrar dos governantes. Nosso sistema penitenciário é arcaico, podre, está caindo aos pedaços, e deveria estar incluso nessa informatização da segurança em todo território nacional.