Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG

As pessoas estão vivendo hoje com uma sensação de medo, medo da própria sombra. E este medo, esta insegurança não provem, como alguns querem fazer crer, de sensacionalismo de jornais e programas de TV. Os crimes acontecem, são reais, cometidos contra qualquer pessoa que, por tramas do destino, coloca-se à frente de tresloucados criminosos que ferem por ferir, matam por matar, cometem toda sorte de barbaridades sem compaixão ou piedade. Este medo está sendo alimentado pela realidade que nos cerca, por um mundo cada vez mais violento e hostil, onde o respeito pela vida, pela liberdade voou para as calendas e o cidadão se vê cada dia mais oprimido e restringido em seus direitos. Uma realidade da qual é impossível alienar-se.
Neste exato momento bato os olhos na página de um jornal que contem dicas de segurança, medidas essenciais para evitar assaltos e maiores incidentes. Por exemplo: se for assaltado em casa ou seqüestrado, manter a calma. Difícil manter a calma e agir com naturalidade com uma arma apontada para a cabeça. Quem já sofreu este tipo de violência pode confirmar. Não reagir – já escutamos isto centenas de vezes. A própria polícia prega sistematicamente (e com razão) a mesma ladainha. Só um obstante: para o criminoso, disposto à violência, qualquer gesto, qualquer motivo é licença para matar. Para quem está no carro as dicas de segurança são tantas e tão ricas em detalhes que a vontade que fica é de não sair com o carro, deixá-lo lindamente estacionado na garagem. Chegamos a uma situação tão grave que simplesmente somos proibidos de usar as coisas que ganhamos, compramos, que fazem parte de nossas vidas e compõem nosso patrimônio. Não exiba por aí aquele colar que, num gesto de amor, alguém lhe presenteou no aniversário. O tênis bacana, com que seu filho tanto sonhou, melhor trancá-lo no armário. Encoste a bolsa, use uma sacola plástica. Você não tem mais o direito de portar uma bolsa e nem de andar tranquilamente pelas ruas da cidade.

A violência está presente em todos os lugares, das grandes cidades às zonas rurais, afetando ricos, pobres e remediados. Câmaras de segurança e casas que mais parecem fortalezas não inibem os bandidos. Alguns até sorriem (você está sendo filmado) e fazem micagens para aparecer. Enquanto a igualdade social não chega e a educação caminha a passos de tartaruga, continuaremos chorando vítimas, fazendo passeatas, falando da dor e da saudade, fincando cruzes nas praias, usando camisetas estampadas com rostos de pessoas que já se foram. Continuaremos a viver uma meia liberdade, uma democracia de mentira, na qual as pessoas vão se acostumando a conviver com a impunidade e falta de vontade política de combater a situação desumana que ceifa vidas e mata esperanças nesta Terra de Santa Cruz.

Quem devolverá a vida e a paz às pessoas e famílias vitimadas pela violência? Quem restabelecerá nosso direito de ir e vir, direito à vida, à segurança, à propriedade, à liberdade, garantidos pela Constituição Cidadã, assim chamada emocionadamente pelo eminente político Ulisses Guimarães? Vivemos um tempo de meias verdades. Isto só poderá mudar quando nos posicionarmos e conquistarmos uma política pública de segurança séria, responsável, honesta, que nos permita sair do nosso abrigo de medo e de sombras e nos expormos com alegria à luz radiosa da vida.

Nota: Este texto escrevi em 2012, quando estava no poder o Partido dos Trabalhadores e a violência reinava. Hoje, por um infeliz desígnio, temos comandando o governo brasileiro, novamente o PT, agora com o Sr. Luiz Inácio da Silva. E a violência avança assustadoramente, colocando-nos novamente frente a uma situação desalentadora, vista a situação que o Brasil tem enfrentado ultimamente , num crescendo que a todos assusta.

Muitos que fizeram o “L” estão deixando este país,inseguros, principalmente artistas ressentidos por verem que fizeram a letra errada, talvez não tão errada assim, pois o L não inicia apenas o nome do presidente atual… Procuram um lugar mais seguro para morar. Quem pode, pode. Quem não pode fica por aqui mesmo, assistindo e vivendo insanidades que até Deus duvida.

Assisti dia desses um vídeo mostrando um Rio de janeiro no qual a baderna e o caos instalou-se. A Cidade Maravilhosa vive momentos difíceis, desde que foi proibido que bandidos e criminosos fossem admoestados, perseguidos, encarcerados. Vi pessoas, homens, mulheres, correndo para se defender e bandidos correndo atrás, até pegar, derrubar e roubar. Tudo em plena luz do dia, para quem quisesse ver. Parecia filme, mas infelizmente era realidade. Invasões de terras aumentaram significativamente e os invasores estão agora mais atrevidos, mais autoritários, mais violentos, depois que lhes foi dada licença para ferir a lei. E os comerciantes se desesperam diante da invasão que está acontecendo em supermercados. Um em Santo André, SP, foi invadido e os invasores exigiram 1200 cestas básicas. O Carrefour em Boa Viagem (Recife) foi também vítima de invasores exigindo cestas básicas. Onde vamos parar?

Um país onde não existe liberdade, ordem e a segurança jurídica cada vez mais se perde não conseguirá um lugar de respeito no concerto das nações. E nós, cidadãos, seremos sempre de 2ª. classe, um povo oprimido por governos autoritários que, decididamente, não aspiram a um país melhor para todos.