Antônio Pereira – Jornalista e escrutor – Uberlândia – MG

Em 1872 se fez um censo em São Pedro de Uberabinha. Não sei como foi feito, mas tenho os resultados em mãos.
As primeiras condições estabelecidas para o levantamento foram em razão da liberdade das pessoas. Em toda a área do distrito, havia 3.483 pessoas livres sendo 1764 homens e 1719 mulheres. Desse total, apenas 523 eram brancos e 192 eram pretos. Pardos eram a grande maioria: 2.755. Atualmente o IBGE classifica como “pardo” qualquer mistura racial. Não sei como foi considerado à época. Mas os caboclos, que é a mistura de branco com índio, estão discriminados na coleta. Eram apenas 13. De qualquer forma, 2755 representam 79%. Era uma respeitável miscigenação. Suponho que esses pardos eram apenas a mistura de branco e preto.
Eram casados, 942, católicos, todos. Brasileiros, todos. Somente 523 sabiam ler e escrever. Ou seja, apenas 15%. A população escolar somava 392 crianças entre 6 e 15 anos, mas na escola só havia 101. Eram 346 casas habitadas.
Havia 545 escravos dos quais 70 eram pardos e 475 pretos sendo casados apenas 48. Todos eram católicos. 54 eram estrangeiros, logicamente, africanos. Nenhum sabia ler e escrever e não se consideraram a idade e a frequência escolar.
Se somarmos os livres e os escravos, teremos uma população total de 4.028 almas. Se somarmos os analfabetos brancos e pretos, chegaremos a 3.505, ou seja, 87% de analfabetos.
O distrito só possuía um padre e 5 professores. Tinha 4 operários em metais e 9 operários em madeiras. Impressionante o número de costureiras, 580. Gente pronta para qualquer coisa eram 593, os biscateiros. 820 eram lavradores e 510 se aplicavam em serviços domésticos. Sem profissão eram 1491.
O levantamento relaciona também as profissões inexistentes no distrito. Vamos destacar apenas alguns por curiosidade: Não havia advogado, nem médico, nem farmacêutico, nem artista, nem polícia, nem industrial, nem pedreiro, nem alfaiate, nem sapateiro.
Isso aí era a nossa gente naquela época.