Gustavo Hoffay – Agente Social – Uberlândia-MG

Quando o nosso atual presidente surgiu como a uma estrela no cenário político nacional, houve quem apostasse estar ali um virtuoso candidato a astro maior na então recém inaugurada república livre: um nordestino natural de Garanhuns, no agreste Pernambucano (aliás devo dizer que adoro o Nordeste brasileiro onde, feliz, já estive algumas vezes a passeio e a trabalho na década de 90. Povo, culinária, clima, praias, hotéis, enfim tudo o que um viajante pode desfrutar de maneira a sentir-se bem e seguro). Persistente, líder, comunicativo e carismático, tenho a impressão de que Lula nasceu predestinado a convencer e mover massas de trabalhadores e quanto mais quando deixava-se tomar por uma determinação vigorosa, embriagado e seduzido pelo clamor de milhares de seus devotos, na maioria jovens, estudantes, nordestinos e indígenas e que chegavam a causar vibrante alvoroço durante as suas aparições em pátios de indústrias do Grande ABC-SP, primeiro enquanto dirigente sindical e depois como candidato a cargos políticos; um messias natural do nordeste brasileiro, um cabra da peste predestinado a conduzir a vida política do país, adorado por sindicalistas de todo o Brasil e que, sabemos, foram alguns dos principais responsáveis por alavancar a sua carreira no Legislativo federal, o que o animou a disputar por três vezes o honroso cargo de presidente da República até, finalmente, sentir saciada a sua sede pelo poder máximo na terra dos tupiniquins – também por três vezes. Todo o antes de assumir pela primeira vez um mandato legislativo federal, não era indicativo ou sequer uma boa recomendação para que um dia viessem a colocar em seu peito a faixa de Presidente da República (sair do sertão nordestino num “pau-de-arara” carrado de conterrâneos, para cavar a vida na maior cidade da América do Sul, na baixa da égua, já era um desafio lascado). De barba e cabelos desalinhados, sem dinheiro e sem pedigree político, Lula subiu na política levando tudo de roldão, arretado, no peito, na raça, na gana e – convencendo-se de que convencia – convenceu e venceu. Um sujeito predestinado ou não? Aos quarenta anos de idade ele, em seu primeiro mandato político na Câmara Federal – vencendo poderosos magnatas oriundos de famílias com séculos de sólida tradição na política, já ameaçava todos eles com a sua conduta legislativa e marcada que foi pelos seus discursos e posições de caráter estritamente populista, à base de uma penca de mungangas e bazófias diversas. Nunca venceu a favor; suas vitórias foram sempre por meio de declarações contra quem e o que; aliás, do jeito que o povo gosta, porém pouco ou nada produtivas, uma montueira de reborréia. E o gosto popular por Lula continuou tomando conta de quase todo o Brasil, mesmo depois de acusado de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio, corrupção passiva… Preso e condenado, de facínora tornou-se uma espécie de mártir, após ganhar uma polêmica liberdade em 580 dias. Aquele predestinado líder político de uma renca de milhões de seus conterrâneos, sobrevivente de um calvário que o fez sorver o cálice da amargura e comer o pão que o diabo amassou, chegou lá! E lembro que no primeiro dia após a sua primeira posse como presidente da República, a maioria dos eleitores brasileiros dormiu feliz, beatificamente em paz, esperançosa, sem graves preocupações com relação aos dias seguintes, sem o fantasma da fome e da corrupção, enfim….iludida. E Fidel, Chávez, Maduro e Ortega, seus parceiros de ideologia política e retrograda, ganharam daquele batoré o status de homens comportados, honrados e “relativamente” democratas. Desde então Lula, o líder, o bem-aventurado, o bem-amado, o glorioso , abusou das conjunções- adversativas, conclusivas e disjuntivas para dar gosto ao povão e também as zelite. E se um dia perguntarem a ele se a democracia brasileira está sendo violada, ele dirá: -“Isso é muito relativo, meu camarada. A sua pergunta é muito grave mas, posto que, entretanto, apesar de, talvez e porém, deixo claro que todavia contudo……….penso que não!” E o povo em sua maioria irá aplaudi-lo freneticamente, enquanto refém de instrumentos (principalmente a TV) que condicionam todos a uma liturgia política artificial, que amortece os sentidos e compromete uma ética para se alcançar uma sociedade desejosa de diminuir a distancia entre o Estado e a Nação. Hoje, penso, aquele predestinado garanhuense desnorteia primorosamente a opinião pública tupiniquim e internacional, fazendo lindas e dissimuladas declarações públicas no afã de reduzir os efeitos traumáticos de uma guerra que não é nossa ou defendo um meio-ambiente que ele, em nosso país, ainda não deu conta de preservar e enquanto de olho numa indicação ao Premio Nobel da Paz, desejando estar no mesmo diapasão de chefes de grandes e desenvolvidas nações do hemisfério norte ao contrário de, preferencialmente, voltar a sua preocupação(?) para sintomas reveladores e denunciadores do perigoso e indecoroso estado de desobediência (in)civil generalizada que vem se instalando em nosso país, por meio de práticas ilícitas explícitas em ruas e becos das grandes cidades, causando milhares de vítimas a cada ano e assolando famílias inteiras em todos os quadrantes tupiniquins. A guerra do Brasil não está lá fora e fomentada por tanques e canhões, ela está escancaradamente presente aqui, no bolso e no estômago de milhões de tupiniquins, por uma melhor distribuição de recursos nas áreas da saúde e da educação e na criação de empregos, na necessidade de incentivo às microempresas, na luta contra o analfabetismo, na cruzada pelo fim da ignorância política e das doenças, no combate ao desmatamento e no melhoramento da perspectiva de vida para milhões de seus conterrâneos que vivem abaixo da linha da pobreza. “A fundura do carecer causa lesera no corpo e vergonha na alma”. Lula, francamente: a nossa guerra é aqui e ela se faz presente a todos nós diariamente, cada vez mais complexa e diferenciada. Chega de furicagem e blá ,blá, blá, vamos ao que interessa: acima de tudo, Brasil!