Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlânda – MG

“Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento para envelhecer.”
(Millôr Fernandes)

Li ontem este pensamento do saudoso Millor que, brincando, brincando, muitas vezes derramou minhas lágrimas. Mais uma vez dei razão a ele: é preciso muito talento para envelhecer. Primeiro porque o tempo é curto, espaço pouco para errar e muito menos para consertar os erros. E mais, porque considera-se impossível que, depois de tantos anos vividos, ainda não tenhamos aprendido a sobreviver com calma e placitude, desprezando as ansiedades e atropelos próprios da juventude. Cansada de saber que, chegando lá, o importante é usar conhecimentos adquiridos, não para ensinar alguma coisa a alguém. A vida há de ensinar. Mas usá-los sabiamente em favor da própria felicidade. A danada da felicidade, algo que se procura alcançar até o último respiro…

Bem, isto para mim é teoria, a prática é outra, infelizmente. Cá estou eu preocupada com a s eleições de 2024, quando escolheremos nossos prefeitos e vereadores. Eleições importantíssimas, reputo até mais importantes que as outras. Nelas traçaremos os rumos dos nossos municípios, das nossas cidades. Lugares onde vivemos o dia a dia, trabalhamos, nos divertimos, amamos, criamos nossos filhos, abrigamos amigos, os nossos animais, as nossas lutas diárias. Lugar onde está a escola de nossos filhos e netos, o hospital e serviços de saúde que nos acolhem nas doenças, as igrejas que nos abrem portas quando a cura espiritual é necessária, onde estão as praças, ponto de encontro do verde, do ar, dos pássaros e das pessoas que procuram um refrigério para dias cansados.

Os brasileiros, atualmente, vivem com grande intensidade a política federal ou o que acontece naquele âmbito. Tudo que acontece no Brasil se passa em torno do presidente, deputados, senadores, ministros da Suprema Corte ou ministros do governo. Talvez porque estejamos em tempos difíceis e o protagonismo deles exceda o necessário. Talvez porque o que se deu no Brasil nos últimos anos extrapolou toda a normalidade democrática e força o país a retroceder anos luz no desenvolvimento de suas instituições, jogando por terra muita aspiração e sonhos do nosso povo. Descuidamo-nos um pouco da política municipal, com as atenções voltadas para Brasilia. Até os deputados estaduais permaneceram meio escondidos, tempos que olhos e os pensamentos se voltam para outras plagas.

Chegou a hora de voltarmos a atenção para o que está mais perto de nós e tão diretamente nos afeta. Que tipo de político precisamos para nossa cidade? O que estão fazendo nossos vereadores? O que falta a nossas cidades e o que é preciso fazer para melhorá-las? Quais são as prioridades a serem atendidas? Estamos satisfeitos com a política que se exerce nos nossos municípios ou é necessário uma mudança de rota? Muita coisa para pensar e analisar. O tempo urge! As eleições de 2024 são importantíssimas. Além de serem importantes para nós, como cidadãos, pavimentam de certa forma as eleições que acontecerão em 2026, na disputa que se dará pelo apoio de prefeitos e vereadores a futuros candidatos.

Um jornalista carioca escreveu certa vez: “O município é a pátria em miniatura; é a escola primária da liberdade”. E é nesta imagem reduzida da pátria que devemos focar nossos pensamentos. Desejamos muitas coisas boas para nossas cidades. E estas coisas boas apenas acontecerão, se soubermos escolher com responsabilidade e seriedade os nossos representantes municipais.