Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG

Estamos nós, povo brasileiro, dentro de uma enorme aeronave, sem piloto. Yes, o piloto sumiu. Passado o 1º de janeiro, esta aeronave se balançando toda no ar, desgovernada, sem controle, mostra rapidamente que coisa boa não se dará no fim da jornada.

O Brasil tem hoje 38 ministérios, ocupados por ministros, na maior parte deles, de uma incompetência que se nota a cada dia. Ocupam-se em fazer burradas uma atrás da outra. Nada vimos até hoje que merecesse uma pequeno elogio ou que demonstrasse um grande interesse, uma determinação em pilotar este país, fazer os acertos necessários para que a grande aeronave tome rumo certo e seguro. Na verdade nem sabemos, em muitos casos, para que servem tantos ministérios ou quem se ocupa deles. Não há planos, não há sequer a mínima ideia de que alguma coisa ocorrerá de bom e profícuo para a pátria amada. Notícias sim, há todos os dias, de cargos sendo criados, de gente chegando no governo e nas instituições, de um Brasil cada vez mais inchado e aparelhado, militantes que agiram em prol do governo e políticos que perderam a cadeira sendo premiados com empregos (sic), pagos pelos cofres públicos.

Uma coisa são mestres em fazer: desmanchar, aniquilar, destruir tudo que foi feito e deu resultados positivos para o país. E mais: destruir também reputações, num voraz e incessante perseguição a membros e apoiadores do governo anterior. O resultado da CPMI dos atos de 08 de janeiro, não cita governistas, responsáveis pela violência, por omissão ou ação e intenta punir implacavelmente quem nem participou ou tinha culpa ou, se participou de alguma maneira, não merece, de acordo com nossas leis, tratamento tão odioso. Fátimas, marias, antonios ,josés, que se manifestaram de mãos limpas e coração aberto, sem armas, sem exército, sonhando democracia para nosso país, sofrem consequências funestas. Sobraram pipoca e algodão doce nas mãos dos manifestantes. Faltaram coragem, senso de nação e patriotismo aos nossos congressistas. Faltou ação dos representantes do governo que impediriam a dilapidação do patrimônio público, único crime que pode ser constatado.

Enquanto isto o piloto deixa a aeronave ao léu. Pensa, sonha até com um espetaculoso avião, maravilha do século. Mais espaço, mais conforto para o romance real. E não para de pensar numa maneira de regular o pensamento e a expressão do povo, para que não haja críticas ao seu governo, não haja críticas aos seus ministros, não haja críticas aos presidentes das casas de leis. Para que o povo, submisso e calado se submeta ao festival de besteiras que assola o país ou ao mundo injusto e desumano que aqui se estabelece.

Ultimamente, o mandatário maior do país, tem demonstrado sem reservas alguns lances fóbicos: recentemente submetido a cirurgias, disse claramente que não queria ser fotografado ou filmado usando muletas ou andador. Queria aparecer “bonito” para o povo. Bem, missão quase impossível. Na verdade chamou de “feios” todos os velhos ou moços que, por qualquer circunstância usem estes aparelhos essenciais que os amparam na sua movimentação. E num surto “gordofóbico”, quer que todos brasileiros comam de forma racional (o que seria isto, diminuir ainda mais a comida do povo?). Com a cara de quem está falando uma coisa muito natural, completou: “A gente não quer que as pessoas ganhem peso excessivo”. Será que o presidente quer também regular o peso dos cidadãos?

Presidente, assuma a pilotagem desta aeronave e faça coisas mais importantes que namorar e demonstrar fobias contra gordos e pessoas com problemas que exigem o uso de muletas e andadores. Ah! Se fosse o Bolsonaro a dizer estas besteiras…

Mais cidadania, mais progresso, mais liberdade, mais democracia. Menos Estado e menos autoritarismo!