Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
“… não aceites o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar.” Bertold Brecht
Há muito tempo, tanto que perdi a conta, ouço dizer que um dos problemas do sistema educacional brasileiro são as autoridades perdendo tempo e recursos em coisas que ao final não geram crescimento e desenvolvimento para o aprendizado. Tempo em que deixam de somar esforço nas ações que realmente deveriam importar.
Governantes dos Estados e Municípios torram milhões em licitações para a compra de equipamentos de informática, prédios, merendas e salários dos professores. Pouco ou quase nada é investido em coisas essenciais como formação dos quadros de professores e direção, discussão e modernização das práticas na sala de aula, dever de casa, avaliação, qualidade dos livros didáticos e dos materiais de apoio, currículo e o envolvimento com os resultados, pontos que costumam ser deixados de lado.
Nas ruas, os brasileiros comuns pensam que os problemas da Educação no Brasil se resumem a recursos financeiros, o que é um ledo e cruel engano. Primeiro porque recursos sempre existiram, o grande desafio é fazê-los chegar ao seu destino intacto. A corrupção no Brasil tem tentáculos em diversos escalões, estando presente em praticamente todos os lugares onde haja dinheiro e processos licitatórios. Não pensem erroneamente que a corrupção está apenas no Poder Executivo Municipal, Estadual ou Federal, pois está também no Congresso Nacional com suas indefectíveis emendas parlamentares e o desvio de verbas. Vide os casos ocorrido na gestão Bolsonaro no MEC e nas “escolas fakes do Piauí”
Sabemos que a corrupção tem várias formas de atuação, podendo ocorrer na licitação, na forma de propinas, no desvio de verbas, etc. O Brasil precisa antes de qualquer coisa, ser estudado com profundidade, reformulado e redescoberto para poder sair do zero e recomeçar.
Se o processo passar incólume pelo veio da corrupção, precisará ainda ultrapassar a barreira dos burocratas, dos incompetentes e dos intelectuais de plantão. Estes atuam em projetos que acabam desvirtuando o processo educacional, confundindo a sociedade e muitas vezes atraindo o ódio da mídia, dos pais e principalmente dos professores.
Para poder começar uma revolução na Educação é preciso prender os corruptos e afastar os demagogos usando a ferramenta universal da transparência, enquanto os incompetentes você reeduca. Ainda sobram os tecnocratas que lutam por programas quantitativos baseados apenas na ideologia. Para estes, é necessário implantar uma agenda maximalista.
Não adianta encher o currículo escolar de matérias como se a simples inclusão destas fosse dar a qualidade necessária em sala de aula idêntica as que os alunos do ensino privado e dos países de primeiro mundo possuem.
É mais do que importante que a sociedade questione: nossas escolas conseguem dar conta de tanta inserção, tantas temáticas transversais? Óbvio que não, definitivamente não conseguem, bastando pesquisar e perceber que nossos alunos estão abaixo da média em Matemática e Língua Portuguesa.