Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG

A moto passou rapidamente, sendo filmada pela traseira. Duas passageiras. Uma dirigia, a outra, na garupa, era a Ministra da Igualdade Racial, Arielle Franco. Virou-se para trás, esbanjando um sorrisão enfeitando o rosto, cabelos soltos ao vento, como se estivesse dando um simples passeio no Complexo da Maré, montada numa motocicleta. Nenhuma das duas usava capacete o que é uma grave infração às leis de trânsito. Mas tem de usar, seja presidente, ministra, paulista, baiano ou mineiro. Tem de usar. É lei!

Pois é, temos uma ministra dentre tantos, que foram cooptados pelo atual presidente da república para preencher ministérios. São tantos que, ao fim do governo, nem saberemos precisamente quem são e para que servem… Evidentemente o assunto foi parar nas redes sociais e até em alguns jornais que não se submetem totalmente. Uma ministra, ocupante de tão importante cargo na República Brasil, afronta a legislação em vigor ao transgredir regras postas e que devem ser obedecidas por todos. Seja alagoano, pernambucano, americano ou mexicano. Tem de usar. É lei!

Logo vieram as explicações para tão relevante desobediência: o Complexo da Maré não é qualquer lugar. Lá não se entra de moto, com capacete. Regras de segurança. Regras da Comunidade. Não importa o que a lei exija para todos os cidadãos, para quem comanda e anda na Maré a lei é outra. Obedece quem tem juízo?

A senhora Arielle Franco, Ministra da Igualdade Racial tentou se desculpar, alguns jornais tentaram ajudar. Passar pano como dizem por aí. Mas tal comportamento não tem desculpas. Ou o Complexo não faz parte do RJ nem do Brasil, tem leis próprias e autoridades idem, formando assim um estado paralelo, um quarto poder que legisla, julga penaliza, submete seus moradores e visitantes? E isto é aceito até por representantes do poder público?

Senhora Ministra: reconhecer culturalmente o símbolo que este meio de transporte representa, facilitando o direito de ir e vir das pessoas em qualquer lugar deste país todo mundo reconhece. Aceitar regras diferentes, como a materializar tranquilamente que existe um poder paralelo que se agiganta, á medida que as instituições como a que a senhora representa se enfraquecem no combate ao crime é inaceitável.
Não cabem, no caso, explicações sobre a motivação da ida de sua ilustre pessoa ao Complexo da Maré. A senhora é Ministra de Estado, esteja onde estiver, fazendo o que for. Comporte-se de acordo com a liturgia, obedeça às leis estabelecidas e em vigor. Comporte-se como uma Ministra!