Um dos fenômenos mais interessantes do nosso tempo é, sob o meu particular ponto de vista, o surto de um grande número de pessoas que formam e fundam partidos políticos em nosso país; ora aparecem como rebentos de grandes e tradicionais organizações com afinidades ideológicas, ora como representantes de classes sociais, profissionais, religiosas e…..ora uma coisa e nem outra. No início de suas formações esses agrupamentos, teoricamente formados por pessoas simpáticas à sua ideologia, costumam ser muito atuantes e visam, principalmente, conquistar a simpatia de eleitores de comunidades mais humildes do que, propriamente, divulgarem seus programas, seus conjuntos formais de objetivos e de forma a angariarem o apoio popular sobre questões urgentes, principalmente. Aliás, em nosso Brasil, durante a vigência de regimes democráticos, multiplicam-se os partidos políticos que professam com especial ênfase o combate à inflação, à criminalidade, ao desemprego e ao mesmo tempo em que prometem maiores e radicais ações nos campos da educação, saúde, blá, blá, blá…, enquanto os seus dirigentes rejeitam ou criticam qualquer outra idéia de qualquer outro programa de qualquer outro partido, no afã de conquistarem com a sua rebeldia a simpatia do maior numero possível de eleitores revoltados, manipuláveis e por isso facilmente conduzidos por inspirações subjetivas, sem perceberem o que é de fato um partido político e toda uma engrenagem que é movimentada por interesses dos mais diversos. Francamente…. Dadas as conotações até certo ponto pejorativas da palavra “ partido” e diante do pipocar de novos daqueles grupos, prefiro continuar denominando-os “movimentos sociais livres” e o que bem exprime uma das características típicas desses agrupamentos ou seja a sua frágil formação, porém com uma acentuada espontaneidade por meio do seu sequioso objeto de desejo: o poder; com um comportamento político bastante variável e de acordo com nuances temporais diversas, chegando mesmo ao ponto de tomarem rumos divergentes daqueles que constam em seus respectivos e originais programas. Formam-se na condição de “salvadores da pátria”, mas logo tornam-se “patinhos feios” e desprezados até pelos seus próprios eleitores e simpatizantes. São frutos de ajuntamentos que nascem da intenção de serem réplicas próximas de algum outro partido ou de pegarem carona em antigos e fortes anseios populares, mas nunca (ou quase nunca) conseguem atende-los , pois quebram eles mesmos o equilíbrio e a harmonia teoricamente presentes em suas ideologias. As propagandas que tais partidos alardeiam, fazem crer que todos os seus integrantes são puros, livres de serem corrompidos e extremamente dedicados às causas que dizem abraçar; seus dirigentes entretêm os eleitores com sorrisos amarelos, tapinhas nas costas, sorrisos pálidos e promessas que nenhum outro político em toda a história do Brasil conseguiu cumprir, proporcionando conforto imediato e anunciando alegria futura. O receio de perder a fidelidade de muitos ao partido, leva os seus dirigentes a praticarem e a estimularem a demagogia, o que chega a ser facilmente absorvido principalmente por um grande número de eleitores simplórios, de modesto nível cultural e intelectual, embora seja muitos desses que mais desconfiam e até zombam de promessas politiqueiras. Não é difícil perceber que mesmo a maioria dos membros de algum partido desconfia, sim, dos programas anunciados por suas legendas e que, na maioria das vezes, reconhecem ter o seu sentimento político aguçado somente quando evocado e mesmo que de maneira espontânea e improvisada até a conclusão de mais um período eleitoral, mas quase nunca por austera fidelidade partidária (o contrário seria fanatismo ideológico. Ora! Dessas premissas decorre certo desinteresse de muitos pela linda e milenar ciência política, mas quase nunca pelos problemas e decepção gerados pela prática de alguns partidos, que não aderem aos interesses precípuos de comunidades diversas. Por outro lado há o fervor de alguns filiados a partidos políticos e dotados de acentuado espírito missionário mas que, não raramente, degeneram em um proselitismo irritante, doentio, desequilibrado, insano e que entranha em suas mentes de pessoas mal preparadas para lidarem com a ciência política e em qualquer dos seus níveis. Precisamos, sim, de políticos conciliadores, que unam, ajam com sabedoria, que jamais abandonem a verdade e a justiça e que sejam determinados em seguir sempre adiante em demanda de causas racionais.

Gustavo Hoffay
Agente Social
Uberlândia-MG