Marília Alves Cunha – Educadora e escritora – Uberlândia – MG

O primeiro político a ser preso por corrupção foi o senador Luiz Estevão de O. Neto. Valeu, no caso dele, a prisão em 2ª. instância, o que foi ótimo e absolutamente correto. Aplausos. Penalizar alguém apenas depois do trânsito em julgado é simplesmente apostar na impunidade. Sabemos de priscas eras como é difícil chegar lá. Justiça morosa, além de recursos e mais recursos que, interpostos, impedem ou dificultam este trânsito, tornam a impunidade de 1ª. ordem, neste emaranhado de remédios legais.

O que disse o Senador à época de sua prisão? Verbis:
”Qualquer personagem do mundo da corrupção não é episódico, aprendeu um modus vivendi, apendeu uma maneira de ganhar dinheiro, neste submundo não há inocentes. Quando surge uma obra, o cara do órgão público, que representa um político ou um grupo político indica um operador. E aí se inicia um processo que não tem limites, em que todos passam a ganhar.” E disse mais, em meio a elogios a Sergio Moro: “Ele deu um basta , provocou um tsunami que atingiu este submundo que conheço bem. A roubalheira diminuiu muito, porque as pessoas agora têm medo da prisão, A corrupção passou a ser um caminho perigoso”

Sinto comunicar-lhe, senhor, que as coisas não correram bem assim. A Lavajato sofreu um desmonte cruel, a mesma que colocou corruptos sistematizados para ver o sol nascer quadrado. A prisão em 2ª. instância foi para o beleleu. Hoje, com o adotar de novas concepções jurídicas, as pessoas que não interessam ao sistema ou receberam o título de antidemocráticas não precisam de nenhum rigor jurídico para serem presas. Às favas o devido processo legal que impede ou atrasa o andar da justiça… Temos como exemplo a prisão do Senhor Roberto Jefferson. Criminosos da pior espécie não são tratados assim. Onde os Direitos Humanos? Fosse qualquer outro que tivesse cometido infâmias terríveis e que estivesse na mesma condição de saúde do elencado, a citada instituição já teria ido aplacar a ira da justiça. Acho que a instituição está no fim e os direitos humanos agonizam, pelo menos no Brasil. Outro político, deputado Daniel Silveira, recebeu do Presidente da República o perdão, consagrado na nossa constituição federal, benefício de prerrogativa exclusiva do mandatário maior do país. Sem restrições. Mesmo assim, remando contra a maré, contrariando dispositivo legal, não valeu para o STF. Daniel dobra a cerviz e continua na cova dos leões…

Atentemos para o caso do Deltan Dallagnol, por exemplo. A magnitude de suas penas por um crime que, por várias opiniões de ilustres juristas nem parece ter sido cometido, é incompreensível. Mais parece uma atitude persecutória aos integrantes principais da Lavajato, uma operação que pode ter tido seus erros, tamanha sua envergadura e o alcance de suas ações. Mas que resultou, sem dúvida, num grande sucesso, retirando do poder corruptos contumazes que agrediram o Brasil anos a fio de desavergonhada roubalheira. Em vídeos de alguns supremos, no decorrer da operação, eles elogiam os trabalhos da LJ e afirmam, com todas as letras que houve sim, corrupção sistematizada que precisava ser combatida. Depois, tudo mudou, por uma simples questão de foro, simples digo, pela seriedade da operação… Cinco anos depois de abençoada por todos, menos pelos criminosos que foram partícipes ativos dos atos criminosos.

Prender pessoas por serem antidemocráticas? Observem, então, quem puseram novamente em ação e cujos crimes ou foram anulados, ou processos arquivados ou estão até sob custódia perene do STF: pessoas que apedrejam o regime democrático todos os dias, mas se dizem democráticas. Recebem com honras de chefes de estado ditador reconhecido mundialmente e desdizem o que todo o planeta conhece sobre a violência que o tal ditador tem imposto a seu país. Que intentam, tendo como centro o Brasil, através do Foro de SP, jogar fora a nossa independência e soberania, para que façamos parte de um Poder Central, com um partido e regime forte, reunindo ditaduras da América latina e com um parlamento destruído, ou enfraquecido e obscuro que não possa se opor aos desmandos de quem deseja fazer o que bem entender. Sem oposição ou reação de quem quer que seja.

Estamos á beira do abismo. E não estou exagerando. O povo tentou (e se lascou) e continua tentando, através de poucos que se atrevem a não aceitar o que parece estabelecido. Os próprios jornais e pessoas que se regozijaram com Lula no poder, estão agora questionando: a que foram reduzidas as promessas, onde o amor, a conciliação, a paz, os pobres, a democracia, o meio ambiente, o rigor nas despesas públicas, o bem, o melhor e mais intenso trabalho em prol do Brasil? Onde está o Brasil, necessitado de mil soluções, coalhado de mil problemas e posto de lado? Desapareceram como por encanto. O presidente está ocupado, fazendo turismo pelo mundo, levando a companheira a tiracolo e mais um punhado de gente que voeja em torno do poder como abelha no mel, pouco se lixando para tudo que não sejam seus interesses pessoais. E mais, quebrando a cabeça numa maneira de dar dinheiro nosso para países quebrados pela errada e burra governança e ditaduras que não merecem apoio nenhum. Lutemos e oremos! Daqui a pouco nem isto…