Está sempre em foco na imprensa a questão das drogas, da drogadicção, dos co-dependentes e de tudo o mais relativo ao grande flagelo provocado a partir do uso abusivo, descontrolado e doentio de tais substâncias químicas alteradoras do humor.Vasta bibliografia já anunciava nos anos sessenta que aqueles produtos, em seu estado natural ou sintético, encantavam os seus usuários e levava-os a uma dimensão onde tudo seria gozo, relaxamento e fantasia. Todavia médicos , já naquela época, mostravam-se divididos frente a onda que começava a formar-se e a levar em sua crista uma considerável e desavisada galera de jovens. Hoje, passado mais de meio século, sabemos, as drogas entorpecentes e estupefacientes podem tornar os seus usuários habituais em pessoas dependentes das suas deletérias conseqüências, agindo sobre o seu psiquismo e a sua fisiologia, muito embora logrando grande aceitação entre aqueles consumidores. As drogas, em pouco tempo, tornaram-se caso de polícia entre uma considerável parcela da juventude, a partir daquela vanguardista época; a procura pelas mesmas aos poucos ganhou mais e mais adeptos, tornou-se intensa e preocupante, passando mesmo a ocasionar os primeiros e graves prejuízos a famílias e à sociedade em geral. Produtores, traficantes e usuários começaram a ser tratados quase que da forma de terroristas e enquanto o poder público ainda não encontrava-se preparado para formar e cultivar a consciência da população em geral, para os perigos decorrentes do uso das drogas. Lembro de quando uma multidão de jovens saía à procura de prazeres proibidos e impulsionados que eram pela ilusão de um êxtase originado por práticas ilegais, enquanto experimentando o sabor de gozar de prazeres imediatos e efêmeros, porém de trágicas conseqüências e dores futuras. Hoje as drogas despertam, mais que nunca, a consciência moral, religiosa e científica dos homens dada a sua franca disseminação e uso, dividindo opiniões diversas e levando famílias inteiras em direção a um colapso geral, destruindo lares e sonhos de um vida feliz, saudável e produtiva. Não atrevo-me a profetizar, todavia na incerteza geral uma certeza particular fica-nos inabalável: depois de disseminarem-se, as drogas já afetam e continuarão a afetar e muito o comportamento de grande parcela da sociedade e assim continuará cada vez mais, caso não poucos jovens continuem a renunciar a vida em favor de meros, superficiais, imediatos e efêmeros prazeres originados daquelas substâncias, cuja proibição oficial parece agir como a um adubo extraordinariamente dinâmico no favorecimento à proliferação das mesmas em meio à juventude. Penso que a crescente difusão quanto ao perigo decorrente do uso de drogas ilícitas, os seus potenciais e malignos efeitos, presentes e futuros, deveria ser mais potencialmente incisiva e de maneira a colocar um numero cada vez maior de jovens diante de interrogações delicadas e importantes. No início do presente século e enquanto diretor do Conselho Municipal Antidrogas, tomei a iniciativa de promover caravanas de jovens estudantes à comunidade terapêutica sob a minha coordenação e o resultado foi amplamente positivo para todas as partes envolvidas: recuperandos, estudantes e professores, ao ponto de colocar cada um dos visitantes diante de um quadro do qual tinham apenas algumas e rasas informações a respeito, de modo a despertar em cada um deles o interesse em multiplicar os conhecimentos ali adquiridos em suas respectivas salas de aula, quanto a vital importância de não aproximarem-se das drogas; até então o conhecimento que tinham a respeito dos malefícios provocados pelas mesmas e da reabilitação de drogados era muito superficial, teórico e não poucas vezes camuflado. Ora! A juventude tem sede e apetite de informações, se deleita com pesquisas e estudos a respeito de assuntos que lhe tocam de perto, se entrega e se move em função de adquirir conhecimento técnico, enquanto renuncia aos prazeres imediatos para poder viver de maneira sadia, profunda, esperta e feliz, convicta de que não precisa mascarar-se sob os efeitos de alguma substância tóxica. Todo e qualquer jovem sabe que tais substâncias fazem à saúde física e mental; o que ele precisa é ativar ainda mais o seu instinto de conservação, aspirar a verdade, a bondade, a justiça, sentir o fascínio por ideais nobres e alegria de contemplar a natureza, fazer parte de um todo produtivo, inteligente e feliz. Verdade seja dita: o uso de drogas jamais será vencido com frases, discursos ou passeatas de cunho moralista/religioso, mas mediante o conhecimento científico de jovens que sintam tesão pela vida. No próximo vinte e seis de junho comemora-se o Dia Internacional de Luta Contra as Drogas; melhor seria, penso eu, que naquela data fosse enfatizada importância que deve-se dar a um conhecimento teórico sobre tais substâncias e visto que qualquer luta contra as mesmas tratar-se de algo absolutamente inútil, infelizmente! O conhecimento, por sua vez, é poder para libertar-se de estereótipos, sobrepor-se a banalidades e dessa forma ganhar fôlego para se alcançar uma vida em plenitude.

Gustavo Hoffay
Agente Social
Uberlândia-MG