Antônio Pereira*
João Severiano Rodrigues da Cunha, conhecido por Joanico, foi Agente Executivo de Uberabinha entre 1912 e 922. Tudo o que existe de grande hoje em nossa cidade, teve a semente lançada por esse grande administrador. Talvez o melhor de todos.
Temos, em proteção à saúde popular, as UAIs, os hospitais municipais, os hospitais da UFU e as casas de saúde gratuitas e espontâneas. Ninguém sabe, no entanto, que em 1921, o Joanico trouxe o primeiro Posto de Profilaxia para o município. Já tínhamos a Santa Casa, mas era instituição particular. O Posto seria regional e atenderia os casos de ancilostomose, impaludismo, Chagas, morfeia etc. Assim que a Câmara ofereceu imóvel o governo do Estado, que instalou o Posto. A inauguração deu-se em 6 de abril de 1921. O médico do Posto foi o dr. Mineiro de Lacerda. Os médicos que havia na cidade eram os doutores Olavo Ribeiro, Batista de Oliveira, Lopes, dr. Leopoldo de Castro. Possivelmente algum outro menos conhecido.
As coisas iam bem até que o jornal A Tribuna, de 18 de setembro de 1921, resolveu criticar a criação dos Posto de Profilaxia pelo Estado. Particularmente em Uberabinha, acusava o dr. Mineiro de Lacerda de diversas irregularidades. Dizia que o pessoal do Posto era incompetente e que não houve nenhuma cura de ancilostomose. Com relação às outras moléstias, malária, morfeia e sífilis, o Posto nem tomara conhecimento delas. Nas edições posteriores, o jornal continuou a agredir o médico dizendo que tinha uma lista de contas que ele enviou a clientes que lhes pagaram o atendimento. Dizia que o médico estimulava o charlatanismo mandando um ex-empregado do Posto, um tal de Zezeca, aplicar injeções intramusculares e até endovenosas que são coisas perigosas e específicas de médico. Que permitiu a abertura de uma farmácia cujo proprietário não era farmacêutico formado. Acrescenta que examinando os resultados de exames de fezes divulgados pelo Posto, o tempo seria insuficiente para tantos exames. Que o médico mentia ao enumerar os casos de curas pelo Posto.
Embora o jornal o tenha convidado para uma disputa verbal nas suas colunas, o médico nunca deu resposta. Quem lhe fez uma defesa, foi o coronel Lamartine Moreira, coletor federal. Mas, só ficou nisso.
O que é importante nessa briga unilateral são os costumes postos à vista. Não era ético médico de Postos dar consultas particulares. Não era correto pessoas que não fossem médicos aplicar injeções. Também não era aceitável que dono de farmácia não fosse farmacêutico. (Fones: Atas da Câmara Municipal, jornal A Tribuna).