Antônio Pereira – Jornalista e escritor – Uberlândia – MG

Dos muitos filhos de Atílio Spini e d. Geni Custódio Pereira, o Glauco foi o segundo. Tinha naturalmente um belo porte físico. Admirava o Charles Atlas que se dizia o homem mais forte do mundo. Ao casar-se com Joceline foi morar na rua Padre Anchieta, no bairro Lídice. Alugou um terreno em frente à sua casa, ergueu uma meia água e montou a Academia de Ginástica Uberlândia, rústica no princípio, mas ele detinha a técnica dos exercícios para desenvolver o corpo humano. Essa Academia durou 11 anos (1954/65), cinco na rua Anchieta e seis na Coronel Antônio Alves.
Deu certo. Antes dele, a cidade já tinha tido uma academia, nos anos 1920, a Sparta Brazileira, que ficava num barracão na avenida Cipriano Del Fávero. Entre seus atletas encontrava-se os engenheiros Fernando Vilela e Ignácio Penha Paes Leme. Nas paredes da Academia desenharam exercícios de ginástica que os operários das Oficinas Crosara, lá instaladas muitos anos depois, não sabiam o que significavam.
A Academia do Glauco pegou. Em pouco tempo havia 50 alunos, entre eles alguns dos irmãos Spini. O Glauco, entusiasmado com o aperfeiçoamento físico, participou de muitos concursos de fisiculturismo e chegou a ser classificado em 2º lugar num concurso para Mr. Brasil com fotografias publicadas numa revista americana. Dona Joceline Terèze Raniero Spini guardou carinhosamente a revista. Ele se interessava por várias modalidades esportivas, principalmente lutas. Aprendeu box, luta livre, luta grega e participava de campeonatos. Foi campeão brasileiro de luta livre, peso médio, por duas vezes. Um de seus costumeiros adversários era o paulista Paulo Barbudo.
Glauco montou um ringue nos fundos do Grupo Escolar Bueno Brandão, onde está atualmente o Uberlândia Clube e, posteriormente, outro na Praça de Esportes Minas Gerais (UTC). No galpão do Liceu de Uberlândia promoveu espetáculos com lutadores de renome internacional. Alguns informantes dizem que o ringue nos fundos do Grupo Escolar foi montado pelo Ayres Campos, um bon vivant, simpático, forte, também lutador que acabou artista da TV-Record, o herói infantil Capitão Sete, e foi também galã das companhias cinematográficas Atlântida e Vera Cruz.
Nos ringues uberlandenses pontilharam o grego Kostolias, o Homem Montanha e o campeão mundial, o argentino Antônio Rocca, além, claro, do Ayres Campos e do Glauco. O Ayres chegou a ser campeão sul americano de luta livre.
Da Academia saíram alguns campeões: Hélio Lopes, campeão mineiro, peso leve, no levantamento de pesos; o Luiz Spini também foi campeão mineiro de levantamento de pesos e segundo lugar por duas vezes no campeonato brasileiro. Alçou 125 quilos. O Nego Marra foi campeão meio pesado brasileiro e sul americano. O próprio Glauco venceu várias competições.
Suas apresentações de ginástica, levantamento de pesos, natação foram levadas também ao Praia Clube. Ele era um entusiasta. Vendedor da Hering, da Hércules, onde passava divulgava o esporte da fisicultura. Chegou a fazer amizade com um jovem fisicultor do Sul de Minas, Aureliano Chaves. Quando governador de Minas, Aureliano veio a Uberlândia e foi recebido por várias pessoas, entre elas, o Glauco que se aproximou para cumprimenta-lo. A segurança logo se interpôs, mas o governador reconhecendo o velho amigo, estendeu-lhe os braços e mandou a segurança afastar-se. Aquele não tinha perigo.
Entre os alunos do Glauco estavam o Ciro da Goyana, o Carmo de Freitas, o dr. Fausto Gonzaga de Freitas, o Travaglini d’A Escolar, o JB (alfaiate), o Anísio Simão e muitos outros.
Tempo que se foi. (Fontes: José Spini, jornais, Bádue Morum).