*Cesar Vanucci*

“Recebemos este governo numa situação de penúria” (Presidente Lula)

Com o passamento do Coronel Lupércio Rozendo, o filho primogênito, Tonhão, ficou incumbido de conduzir o inventário. Abastado homem de negócios o coronel era dono de propriedades rurais com extensas plantações, planteis de gado leiteiro e gado de corte, aviário, casas de aluguel, lojas comerciais, veículos de alto valor, máquinas agrícolas, usina de pasteurização, alambique, fábrica de queijos e doces, além de possuir participação acionária em agencias de carros e outros rendosos negócios.
Meio desajeitado, com cara de quem comeu e não gostou, Tonhão reuniu a patota dos herdeiros, para explicar o que havia feito no cumprimento de sua missão um mês depois de transcorrida a cerimônia fúnebre de despedida do chefe do clã familiar. Desembuchou logo as informações por todos esperadas. – “o pai, como vocês estão careca de saber, era muito desconfiado, concentrava as coisas, não dividia com ninguém os dados sobre as posses. Era, também, um cara danado de desorganizado. Vasculhei o escritório, topando com uma bagunça dos diabos, tudo fora do lugar. Os registros dos negócios uma esculhambação. Vai demorar um tempão mode que colocar tudo no devido jeito.”
O papo do Tonhão com os irmãos vem à memória no momento em que tomamos ciência dos relatórios do Vice-Presidente, Geraldo Alckmin e colaboradores acerca de como foram encontrados os negócios públicos do país pela equipe de transição. Fica muito claro, pelas explicações vindas a furo, que vai demorar um tempão mode que colocar tudo no devido jeito!
A situação detectada pelos técnicos na avaliação do legado governamental passado aos novos dirigentes da Nação não é apenas tão grave como se imaginava. É muito mais grave do que jamais se conseguiria imaginar. A fileira dos desacertos encontrados é de extensão descomunal. Vai aqui ligeira amostra: 14 mil obras inacabadas em diferentes áreas da governança, 4 mil delas só na educação. Rede rodoviária aos pandarecos. Políticas Sociais destroçadas. Os números e dados aterrorizantes da Pandemia da Covid-19 são amostra impactante do que andou rolando no período em matéria de saúde pública. Sistema vacinal desmantelado. A estagnação econômica prolongada elevou a índices alarmantes o desemprego e o subemprego. A desigualdade social avolumou-se, a pobreza ao rés do chãoalastrou-se. A legião dos brasileiros em “situação de rua” cresceu assustadoramente. O teto de gastos foi insensatamente violado, várias vezes por conta de estratégias eleitoreiras.
Os desatinos políticos de teor antidemocrático, os clamorosos equívocos na política ambientalista, incluindo o espezinhamento de direitos dos Povos Originários, o negativismo científico permeando todas as engrenagens do relacionamento comunitário representaram outras notas dissonantes de um período marcado por demagogia obscurantista. Na lembrança popular praticamente não restou qualquer registro de um grande projeto executado ao longo do período governamental que passou.
O Brasil perdeu o papel de destaque como protagonista nos fóruns internacionais em consequência dos posicionamentos isolacionistas, quando não hostis, assumidos no concerto das nações.
E o que não dizer dos estarrecedores acontecimentos de caráter antidemocrático, levados avante após a posse dos eleitos por grupos golpistas que invadiram as Sedes dos 3 Poderes e estabeleceram a anarquia e o desassossego na Capital da Republica?
O desabafo do Presidente empossado, Luiz Inácio Lula da Silva faz todo sentido: “Recebemos este governo numa situação de penúria, em que as coisas mais simples não foram feitas. De forma irresponsável, o presidente preferiu contar mentiras no ‘cercadinho’ do que governar esse país”.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)