Marília Alves Cunha*

“O humanismo sadio é aquele que se volta para os trabalhadores que não delinquem. Falso e hipócrita é o humanismo que prodigaliza benesses aos que estupram, sequestram, roubam e matam”. Assim pronunciou-se Volney Corrêa Leite de Moraes, um brilhante desembargador já falecido, que acreditava no poder das leis e de sua execução. Contrariamente ao dito do desembargador, incorre-se hoje na falsa noção de humanidade, os que protegem criminosos que afrontam a sociedade, violando todas as regras e impondo-se através da violência e da barbárie. E, parece que virou regra, culpam as forças policiais cujo papel e responsabilidade é combater o crime em todas as suas formas e zelar pela segurança dos cidadãos.

Quando acontecem confrontos entre policiais e criminosos, não se pode esperar bondade de nenhuma das partes. Alí, a vida está em jogo. A tensão é permanente, não há espaço para o diálogo e nem para a compreensão. O mais forte, mais ágil e mais bem armado no momento, certamente vencerá. Vencer é continuar vivo, a morte de muitos é o resultado esperado. Não é bonito, nem agradável, nem heroico viver a vida á caça de bandidos que agridem a segurança e a paz das comunidades, matam sem hesitar, impõem medo e terror a toda uma população.

Estamos cansados de ler e ouvir falar nos aspectos sociológicos da questão. Sabemos que muitas coisas poderiam ter sido feitas, no terreno político e humanitário para que os problemas não chegassem ao ponto que chegaram, principalmente nos lugares em que a situação tornou-se crítica e insustentável. Mas, infelizmente, o combate precisa acontecer a cada momento, pois estamos a cada momento cercados pelo perigo e simplesmente não há mais possibilidade de esperar o amanhã.

Não existem mais em nosso país casas sem muros e cercas altas, com jardins coloridos dando o ar da graça. Vivemos como prisioneiros, cercados de alarmes e proteção eletrônica sem nunca termos cometido crimes. Pais vivem em desassossego, não existe lugar seguro para seus filhos. Torna-se proibido usar os bens que foram adquiridos com o fruto do trabalho, pois certamente serão objetos de desejo daqueles que não trabalharam para conquistar estes bens. Perdemos aos poucos o direito de ir e vir, pois as ruas oferecem grandes perigos. É uma aventura sair de casa. Triste e inconcebível que pessoas civilizadas tenham que viver assim. Ninguém merece!

Quando vemos altas autoridades defendendo bandidos e se esquecendo dos milhões de brasileiros condenados a viver sob o signo do medo e da insegurança, principalmente quando a policia é impedida de trabalhar e se sente até constrangida, mediante cobranças sucessivas e constantes críticas, apenas nos passa pela cabeça que criminosos não são mais dignos de atenção, compreensão e mimos que os nossos policiais. E evidenciamos a explicação do comandante da PM sobre a morte de traficantes na comunidade do RJ, tendo em vista o pedido de explicação sobre o caso feito pelo Ministro Fux: “Vista uma roupa de policial militar, junto com outros ministros do STF, empunhem um fuzil, entrem numa favela do RJ e terão as explicações”.

*Educadora e escritora – Uberlândia – MG