Marília Alves Cunha*

Desde antanho, lá nos tempos do reinado de Dom Pedro II, a transposição do Rio São Francisco era sonhada. Da nascente na Serra da Canastra em Minas á foz, o grande rio banha 5 estados (Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) para depois cair no Atlântico. Documentos históricos mostram que vários projetos de lei que previam a transposição passaram pelas mãos dos senadores e deputados do 2º. Reinado. Por questões políticas próprias da época nada aconteceu e as prioridades acabaram sendo os açudes, poços artesianos e cisternas. Carros pipa, evidentemente, apareceram depois para rechear bolsos dos famosos gigolôs da seca…

Em 2007 o governo petista retoma a ideia e começa os trabalhos de transposição, um sonho que remontava ao Império. Quase inacreditável que as águas do velho Chico chegassem aos lares nordestinos, um sonho aguardado por muitos que sofriam na pele o drama da seca, seca esta que recheou obras literárias importantes, filmes e peças teatrais de grande dramaticidade. E para conhecer melhor esta história, aconselho aos usuários da internet que assistam uma reportagem feita pela Rede Globo em 2013, tempo que ela ainda não tinha o “malvadão” Bolsonaro para atacar e apontava sua arma contra outros alvos. Uma equipe desta rede de TV (Fantástico) percorreu mais de 1000 km sertão adentro, registrando pontos da obra e entrevistando pessoas.

Esta equipe, chegado o fim de seu trabalho, concluiu que terminado o prazo de conclusão da obra nem metade havia sido concluída e muito dinheiro havia sido gasto, bem mais que o projetado. A TV Globo caprichou em entrevistas emocionadas com pessoas que deveriam ser beneficiadas e sofriam com os horrores da seca. Frases de efeito da repórter se misturava aos lamentos dos moradores da caatinga: “ O gado morto se incorpora à paisagem num tempo em que só os urubus conhecem fartura”. O custo disparou feio – orçada em pouco mais de 2 bilhões, os gastos já passavam de 8 bilhões em 2013.

Vale a pena assistir esta reportagem da Globo. Qual o motivo para que uma obra tão importante, tão significativa, não andasse em rumo certo? Muita improvisação, muito desperdício, falta de planejamento e indícios de corrupção interromperam o caminho da transposição. Obras mal feitas, com sobrepreço e superfaturamento, projetos inadequados, paralisação das obras por períodos continuados constituíram-se em prejuízo certo aos cofres públicos e impedimento à continuidade do projeto. O PT entregou as governos que se seguiram ( assim como fizeram com muitas outras) um obra degradada pelo abandono. Onde deveria estar correndo água límpida, nascia capim e passeavam bodes e cabras. E a esperança dos nordestinos também se desgastara junto com a esperada transposição que não acontecera…

Infelizmente a TV Globo não mostrou com a mesma intensidade e mesma ênfase, o bonito e limpo trabalho de Bolsonaro e sua equipe, nos trabalhos de transposição do Rio São Francisco. Mas não faltou o entusiasmo dos apoiadores do presidente, chamados de “imbecis” por quem se julga o protótipo da virtude, verdade e justiça, para mostrar o resultado de trabalho determinado, capacitado e honesto, pondo fim ao longo sofrimento da espera: finalmente a água inundou forte e cristalina os canais, levando ao agreste nordestino a certeza de dias melhores. O “malvadão” Bolsonaro acertou mais uma vez, quando colocou toda sua energia e disposição na missão dura, difícil mas prazerosa, de tornar o Brasil uma grande nação. Este é o Brasil que queremos, onde as obras começam e terminam, no qual a prioridade é o povo e a satisfação de suas necessidades.

*Educadora e escritora – Uberlândia – MG