Gustavo Hoffay*
Embora alguns setores da sociedade relatem registros de queda na criminalidade, certo é que escandalosa onda de crimes em nossa região e no restante no país vem tomando proporções gigantescas desde longa data. Permitam-me, aqui, destacar aquelas ocorrências tidas por “golpes” e estrategicamente maliciosas que ilustram – em um quadro já catastrófico de transgressões – a perspicácia e a incrível capacidade criativa dos marginais contemporâneos , ao ponto de servirem de inspiração para novelas e filmes de grande sucesso junto à crítica especializada e ao fiel público de enredos policiais, comumente fidedigno à uma ( muito) lamentável realidade cotidiana nas terras de Santa Cruz. Se por um lado uma considerável parcela da população dá sinais inequívocos de evolução social e humanitária, por outro há pessoas cuja bárbara índole continua servindo para romper, sempre e mais, qualquer esperança de vida obediente e respeitosa em comunidade.E para dar um basta a esse tsunami de horrores que sufoca, agrilhoa e amputa o que resta-nos de esperança em relação àqueles que legislam (sic) no Congresso Nacional e aos “doutores da lei”, setores expressivos da sociedade deveriam movimentar-se de maneira a exigir medidas repressivas de índole jurídica, úteis e oportunas, que tocassem a raiz de tão angustiosa e muitas vezes mortal situação. Se levarmos em conta a crueldade moral, física e psicológica presente na grande maioria dos crimes praticados em nossa nação, facilmente chegaríamos à conclusão de que os mesmos nada deixam a desejar se confrontados com façanhas das distantes épocas medievais, obscurantistas; para piorar o que já está ruim percebemos que o avanço da ciência e da tecnologia são, não raro, colocados a serviço da criminalidade e o que dá a esse produtivo setor marginal uma aquarela com as cores de perniciosas barbáries. E nós, povo, além de vítimas potenciais ainda continuamos (mal) acostumados a uma notória ascensão dos senhores do crime, líderes de organizações complexas e continuamente aperfeiçoadas, ao ponto de causarem inveja a grandes empresas e até a multinacionais que geram milhares de empregos e pagam “uma fortuna” em impostos todos os anos. Aliás é também notório que as “Indústrias do Crime S/A” mudam quase sempre de ramo e enquanto na busca de práticas vultuosas, muito mais rentáveis e sempre baseadas – é claro – naquilo a que dá-se o nome de “custo benefício”, um conceito que fornece parâmetro para o sucesso de suas ações: tráfico de drogas, assalto a bancos, contrabando de armas, extorsões, seqüestros, golpes diversos….. E nada por eles é poupado! Escolas, hospitais e até igrejas já fazem parte das estatísticas que tratam de vítimas de ações criminosas, sem que ao menos sejam apontados quais os antídotos devam ser aplicados contra essa sangrenta e retumbante presença de atos delinqüentes que diariamente perturbam a ordem pública. Da mesma forma que diques podem conter as ondas, mas não combatem o nascedouro das mesmas e sequer impedem a formação de outras, nossas autoridades devem ser incitadas a combater as raízes mais profundas que inspiram e sustentam as hediondas façanhas e de maneira a lhes opor o melhor , o mais eficaz e fundamentado remédio. Essa estória de que são as drogas os principais motivos de tanta baderna social é pura balela; é a falta de coragem política no momento de encarar a desordem social que corrói os mais profundos alicerces da sociedade e tornam aquelas substâncias em meros agentes coadjuvantes. Ora! O que dá valor ao homem não são os seus bens extrínsecos mas, sim, a riqueza interior que cada um traz desabrochada ou latente dentro de si. Daí o melhor combate à criminalidade é oferecer e garantir uma melhor condição de vida à população mais carente, despertar um tesão na juventude e de forma que ela assuma a sua linda condição humana, com tudo que comporte de maravilhoso e de maneira a dominar e rasgar as mais baixas tentações de quem sente-se dominado, esmagado e também por isso propenso a assumir uma vida marginal e portanto contrária à dignidade humana. Uma dignidade que não fará os dias mais longos mas ,sim, as noites menos escuras.
Agente Social – Uberlândia-MG