Autor: Rafael Moia Filho*

Ainda antes da primeira morte pela Covid-19 no Brasil, percebíamos que o governo não faria nada para conter uma possível contaminação em massa. Aliás, tivemos em fevereiro de 2020 carnaval e muitas festas antes da primeira morte e do começo do isolamento social em 15 de março daquele ano.
O governo federal não atuou no sentido de fazer as testagens em massa para detectar os possíveis casos e mapear área e regiões que pudessem ter o vírus se alastrando. Igualmente, não colocou barreiras sanitárias nos portos, aeroportos e demais entradas do país, permitindo assim que a doença chegasse facilmente da Ásia, Europa e América.
Sem a contenção e sem a testagem, o governo na figura patética de Bolsonaro passou um ano criticando isolamento social, para o qual propôs o inócuo isolamento vertical. Não aceitou o uso de máscaras e, assim, passou a ser o porta voz do negacionismo em meio a pandemia.
A busca pelas vacinas começou cedo em boa parte dos países do mundo, exceto no Brasil, onde a voz da ignorância e da prepotência bolsonarista encampada por Bolsonaro e seus ministros receitavam o ineficaz “Kit Covid” com a Hidroxicloroquina como carro chefe do receituário do governo.
Em meio a frases estúpidas como “isso é apenas uma gripezinha” entre outras sandices, as mortes foram se acumulando sem que o Brasil adquirisse vacinas dos laboratórios internacionais. Chegando ao cúmulo de o presidente dizer numa de suas inúteis lives: “Para que pressa? Os laboratórios tem de vir oferecer-nos as vacinas e não o contrário.
Claro que isso era uma forma de não adquirir as vacinas, afinal de contas o mundo estava errado, e só o Bolsonaro estava coberto de razão. A covid enquanto isso agia, mesmo com diversos governadores e prefeitos tomando medidas com base na ciência e nos protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Brasil tem mais de 468 mil mortos pela Covid-19 sem que o presidente em momento algum tenha declarado ou escrito algo aos familiares destes milhares de brasileiros mortos sem a chance de terem se vacinado.
Estamos no começo de Junho de 2021 e uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi formada no Senado para investigar e apurar os absurdos cometidos pelo governo de Jair Bolsonaro. São muitos os erros, as omissões e até os crimes cometidos contra o povo brasileiro antes e no decorrer da pandemia.
A simples troca de três ministros da Saúde em plena pandemia demonstra o descaso com que o presidente trata a saúde e o povo brasileiro. Ao tentar justificar, ele e seus apoiadores dizem uma coisa que em hipótese alguma releva os fatos: “Os governadores e os prefeitos são culpados por desviarem recursos e por implantarem isolamento social e até lockdown”.
Se existem desvios, por que seu governo não os apurou, enviou à justiça para que fossem julgados e condenados se ficasse provada a culpa? Como um governante pode ser acusado de agir em defesa do povo? Isolamento e o lockdown são ferramentas usadas no mundo inteiro em vários países.
Desde sua posse Bolsonaro promove um eclipse total da razão, do bom senso, da inteligência no uso da gestão pública e da negação da ciência, da medicina e das ferramentas que são usadas por diversos presidentes em vários países do mundo.

*Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.