“Só se pode vencer a natureza obedecendo-lhe”
Francis Bacon
José Carlos Nunes Barreto*
Apoio o governo Bolsonaro, mas não sua política ambiental que é levada, desastrosamente, por seu ministro Sales, que literalmente vende o MA. Neste artigo, relembro meu trabalho de doutoramento na área, só para reafirmar os conceitos caros, que precisam ser resgatados neste ou em outro governo nacional. Para se reeleger, Bolsonaro terá de se comprometer com eles, e demitir este mandarim das queimadas. Quanto à Tese, ela permanece atual, e está, graças a Deus, no repositório da Biblioteca do Congresso Americano, e em alguns repositórios ao redor do mundo conveniados com a USP.
Em defesa dela na Faculdade de Saúde Pública da USP, em abril de 2000, citei Samuel Murgel Branco, que definia qualidade de vida como o objetivo final do desenvolvimento ou da civilização. O que implica, necessariamente, na preservação dos padrões e características regionais, já que civilizações milenares foram destruídas ou deformadas, pelo processo, que consiste basicamente em erradicar costumes, e alterar o meio natural. Analisávamos que, ao contrário disso, o desenvolvimento é algo que vem de dentro para fora, como a evolução de um embrião, o desabrochar de uma flor, o germinar de uma semente. “São os fatores intrínsecos já contidos na semente, ou no gérmen que mais contam, e se algo tiver de ser adicionado de fora para acelerar seu processo, terá de respeitar o que ali existia, em gérmen e não destruí-lo”.
Também concordei com a análise de Saraiva -1997 sobre as questões relacionadas com a produção de qualquer bem ou serviço, que podem ser sistematizadas, recorrendo ao que se denominou de “tetraedro tecnológico”. Onde fica clara a evolução dos conceitos nas sociedades tecnológicas, em especial aqueles que surgiram nas últimas décadas. Os vértices do tetraedro são: as matérias primas, a informação, a energia e o ambiente. Da associação desses fatores, resulta um serviço ou um bem. Há cinquenta anos o tetraedro se reduzia a um segmento de reta, entre as matérias primas e a informação, uma vez que, naquela altura o custo de energia era quase nulo, e os problemas relacionados com as limitações das fontes, não eram sequer encarados, senão por alguns “pessimistas”. Há 30 anos, o modelo se resumia a um triângulo. As questões ambientais começavam então a serem postas, mas a avaliação dos seus custos reais, eram um “problema para as gerações futuras”.
Finalmente, aos poucos, nas duas últimas décadas, delineou-se um tetraedro, com o último vértice sendo ocupado pela energia a ser consumida durante o processo. Impõe-se desde então, responder que quantidade e que tipo de emergia é exigida, não só pelo próprio processo produtivo, como também pelo seu transporte e distribuição. Que impacto ambiental produz o processo energético-chuvas ácidas, aquecimento global, e desastres climáticos, são exemplos de problemas que precisam ser mitigados e/ou eliminados.
No Livro “A Vingança de Gaia”, em 2006, o Cientista inglês James Lovelock, preconiza que o equilíbrio ambiental já foi rompido pelo aquecimento global, e o mesmo já passou do ponto sem volta.
Parece absurda, mas a única saída para a Terra, segundo o autor, seria, nos próximos anos, reduzir a quantidade de seres humanos, motivada pela essência de Gaia (Polêmico: mas na sua teoria, a terra seria um organismo vivo, com capacidade de se manter saudável, e tendo compromisso com todas as formas de vida) o que reduziria em até 80% a população do planeta até 2100.e hoje ele tem seguidores poderosos (em Wuhan, indago…). Doido? Lovelock , não é qualquer um…Trabalhava até recentemente, aos 90, em seu laboratório particular. É o Inventor do equipamento que permitiu detectar o acúmulo do pesticida DDT nos seres vivos, motivo pelo qual se interrompeu seu uso. O mesmo aparelho ajudou a identificar o CFC, como o gás responsável pela destruição da camada de ozônio…Por mim, rebatizaria o tetraedro tecnológico para tetraedro “de Lovelock”, e mandaria prender quem contribui com o aquecimento do planeta, como o atual ministro do Meio Ambiente do Brasil.
*Pós doutor e sócio da DEBATEF Consultoria