Gustavo Hoffay*

Ser brasileiro é algo que muito me orgulha, mas há momentos que algumas atitudes governamentais exigem que pratiquemos uma fidelidade heroica do nosso amor pela pátria amada; são desafios seguidos de desafios diante das múltiplas dificuldades que fazem que sejamos chamados a cumprir o que deveria ser algo trivial a qualquer um de nós: disciplina! O meu horror à traição de quem julga-se invulnerável ao ataque do vírus Corona e que por isso se expõe a riscos de contágio e, ainda, a total falta de amor à lealdade em relação à própria vida e à vida de terceiros são, creio, supremas leviandades e ainda mais nesse grave momento da saúde pública brasileira. Considero como a um dos maiores crimes da atualidade as aglomerações públicas , longas filas, ônibus lotados, ataques cibernéticos de jovens e adultos que alteram e inventam softwares com a finalidade precípua de prejudicar algo ou alguém e pelo simples prazer de perverter a ordem pública, o comércio de vacinas falsificadas, o roubo de cargas de vacinas, os “fura filas” com crachá e gravata acanalhando regulamentos oficiais durante a vacinação anti Corona Vírus e o que, enfim, termina por sacrificar de um ou outro modo a vida de milhões de conterrâneos e que já sofrem outras terríveis conseqüências a partir da Babel instalada no Brasil, já a quase dois anos! Por outro lado temos um governo federal que tenta explicar, em vão, a desestruturação do seu próprio comportamento e o que coloca em xeque a capacidade daqueles que teriam a responsabilidade de administrar a crise originada pelo vírus Corona; uma crise que diariamente testa a resistência de um povo angustiado pela espera de necessárias e urgentes medidas para evitar uma muito possível contaminação. Ora! A não proliferação do vírus só é possível a partir do respeito à própria vida e à vida de terceiros, na humildade e na perseverança daquilo que entende-se por disciplina. Por outro lado e como já é de praxe neste país, mais uma vez a imputabilidade é o que esgarça o tecido social e o que facilita atos irresponsáveis a partir da vontade deliberada de pessoas marginais e inconsequentes. Em um país onde a educação de grande parte da sociedade é penhoradamente sofrível, muitas são as pessoas que tornam-se subliminarmente induzidas a exporem-se ao contágio de um vírus assassino, principalmente a partir de males oriundos ,até, de quem deveria ter a obrigação de servir de modelo de comportamento social; são brasileiros induzidos ao erro pelo ambiente no qual vivem e a partir de pessoas absolutamente imprudentes até com relação às suas próprias vidas. Só Deus, imagino, tem a capacidade de compreender a consciência e ali discernir o grau de responsabilidade de quem comete o crime de não seguir sequer o mínimo das recomendações ditadas pelas autoridades sanitárias. A insubordinação de muitos diante das regras que objetivam evitar a proliferação do vírus Corona, ficará indelevelmente marcada em alguns dos mais tristes capítulos da história do nosso país, quiçá da humanidade. Quanto ao “lockdown”ele é uma faca de dois gumes, pois em uma das pontas está a irresponsabilidade de alguns comerciantes que contribuem para aumentar o numero de contaminados, ao não adotarem as mais básicas regras de contagio pelo vírus e o que traumatiza o povo, alerta as autoridades públicas e termina por prejudicar a outros que procuram seguir as regras impostas pelo poder público. E para complicar ainda mais a vida de todos nós, assistimos a um criminoso solto pela Superior Tribunal Federal e proclamado candidato à presidência da República, a uma catastrófica situação de desemprego em todo o país, a disparada da inflação, a uma falta de controle sobre o isolamento social e a posse de um ministro da Saúde na mais completa surdina. Estamos, sim, vivendo um tempo jamais imaginado sequer pelas mais brilhantes mentes do “cinema catástrofe” e tendo em contrapartida um recorde de tempo para conseguir-se dois milhões de assinaturas em uma ação popular que pede o impeachment do juiz Alexandre de Moraes, quando precisava-se apenas de quinhentas mil subscrições. Não é esse um momento dramaticamente ímpar da nossa história? Estamos vivendo-o, mas precisamos ser protagonistas cada vez mais atuantes e responsáveis para que seja assegurado um futuro saudável para todos. Mais que nunca é momento de sermos pessoas melhores em beneficio próprio e da sociedade em que vivemos. Vivêssemos numa sociedade realmente sadia, estaríamos todos pensando e agindo enquanto de olho nas consequências dos nossos atos e jamais permitindo que os nossos impulsos falem mais alto que a razão. Essa nossa atual jornada ainda está longe de chegar ao fim, mas somente a concluiremos com louvor se não desistirmos da honrosa e sagrada missão de salvar a nós e ao próximo, quanto mais considerando que a vitória sobre o inimigo é dependente das nossas próprias mentes e atos.

*Agente Social – Uberlândia-MG